27 de fev. de 2014

BOLSISTAS DO CAERDES FIZERAM VISITA A CODEVASF DE JUAZEIRO






Bolsistas do Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (Caerdes) do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS), da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) fizeram uma visita a Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em Juazeiro, na última sexta-feira (21).

A visita integra as atividades do projeto Estratégias de Acesso Social à Legislação Agroambiental, como Mecanismo de Proteção aos Bens de Uso Comum, realizado pelo Caerdes e teve o objetivo de obter in locu informações sobre as ações realizadas pela Companhia; as áreas de atuação da empresa no Vale do São Francisco e as ações de controle e conservação de áreas degradadas na região.

Durante o encontro, a chefe da Unidade de Meio Ambiente da Codevasf, Edneuma Gonçalves, apresentou, entre as diversas ações da Empresa, o projeto de revegetação da mata ciliar do rio São Francisco que concilia atividades de educação ambiental. Edneuma disse que a Codevasf já realizou um projeto piloto de recomposição de vegetação nativa em parceria com a UNEB, na comunidade rural de Conchas, que fica próximo ao perímetro de Irrigação Maniçoba, em Juazeiro.

Edneuma acrescentou ainda que o projeto de recuperação de áreas degradadas, a implantar neste ano é uma continuação do trabalho de reflorestamento das margens do rio realizado anteriormente pela Empresa. “Esse projeto envolve a recuperação das áreas de preservação permanente do São Francisco que estão extremamente degradadas. Primeiro vai ser realizada a recomposição topográfica do ambiente e depois será feita a revegetação”, explica a pesquisadora.

Para os alunos da UNEB, bolsistas do projeto, encontros com profissionais que lidam diariamente com assuntos que são debatidos em sala de aula facilitam o aprendizado desses conteúdo. “Participar de reuniões como esta nos dá mais segurança ao compartilhar os conhecimentos por meio do nosso projeto de extensão no Caerdes, porque podemos citar fatos reais que acontecem aqui no Vale do São Francisco”, explica o estudante do curso de Engenharia Agronômica da UNEB e integrante do Projeto, Saullo Melo.

Caerdes- Coordenado pelo professor da Uneb, Dr. Jairton Fraga Araújo, o Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável é um local que desenvolve pesquisas multidisciplinares direcionadas, não só para o curso de Engenharia Agronômica, como também para o curso de Direito.

Esse intercâmbio é firmado por meio do projeto “Estratégias de Acesso Social à Legislação Agroambiental, como Mecanismo de Proteção aos Bens de Uso Comum” e tem como objetivo estimular o acesso a legislação ambiental na região do Vale do São Francisco. Para execução desse projeto, são confeccionados e distribuídos panfletos e cartilhas informativas, além da realização de palestras educativas nas escolas da região onde são abordados temas como Lei de Crimes Ambientais, Lei dos Agrotóxicos e Política Nacional do Meio Ambiente.

A estudante do Curso de Direito da Uneb Kallinca Artuso é integrante do projeto e explica que essas visitas que realizam a órgãos como a Codevasf ajudam na realização das palestras sobre educação ambiental e serve de base para os monitores.

“Entrevistas com profissionais que atuam em empresas como essa são relevantes porque vão nos dá exemplos de como elas trabalham e a sua importância para a região e, dessa forma, podemos compartilhar os conhecimentos adquiridos para as nossas palestras de forma clara e objetiva”, reforça a estudante Kallinca.


Texto e fotos:  Sheila Feitosa
Núcleo de Assessoria de Comunicação/ DTCS
Fonte: blogdodtcs.blogspot.com

24 de fev. de 2014

BRASIL CONSOME 14 AGROTÓXICOS PROIBIDOS NO MUNDO



  National Geographic 
     Foto mostra a diferença entre um solo cultivado organicamente (esquerda) e outro que recebeu a adição de adubos químicos ou agrotóxicos

Os indicadores que apontam o pujante agronegócio como a galinha dos ovos de ouro da economia não incluem um dado relevante para a saúde: o Brasil é maior importador de agrotóxicos do planeta. Consome pelo menos 14 tipos de venenos proibidos no mundo, dos quais quatro, pelos riscos à saúde humana, foram banidos no ano passado, embora pesquisadores suspeitem que ainda estejam em uso na agricultura.

Em 2013 foram consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos no País – uma cota per capita de 5 litros por habitante e movimento de cerca de R$ 8 bilhões no ascendente mercado dos venenos.

Dos agrotóxicos banidos, pelo menos um, o Endosulfan, prejudicial aos sistemas reprodutivo e endócrino, aparece em 44% das 62 amostras de leite materno analisadas por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) no município de Lucas do Rio Verde, cidade que vive o paradoxo de ícone do agronegócio e campeã nacional das contaminações por agrotóxicos. Lá se despeja anualmente, em média, 136 litros de venenos por habitante.

Na pesquisa coordenada pelo médico professor da UFMT Wanderlei Pignati, os agrotóxicos aparecem em todas as 62 amostras do leite materno de mães que pariram entre 2007 e 2010, onde se destacam, além do Endosulfan, outros dois venenos ainda não banidos, o Deltametrina, com 37%, e o DDE, versão modificada do potente DDT, com 100% dos casos. Em Lucas do Rio Verde, aparecem ainda pelo menos outros três produtos banidos, o Paraquat, que provocou um surto de intoxicação aguda em crianças e idosos na cidade, em 2007, o Metamidofóis, e o Glifosato, este, presente em 70 das 79 amostras de sangue e urina de professores da área rural junto com outro veneno ainda não proibido, o Piretroides.

Na lista dos proibidos em outros países estão ainda em uso no Brasil estão o Tricolfon, Cihexatina, Abamectina, Acefato, Carbofuran, Forato, Fosmete, Lactofen, Parationa Metílica e Thiram.

Chuva de lixo tóxico
“São lixos tóxicos na União Europeia e nos Estados Unidos. O Brasil lamentavelmente os aceita”, diz a toxicologista Márcia Sarpa de Campos Mello, da Unidade Técnica de Exposição Ocupacional e Ambiental do Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde. Conforme aponta a pesquisa feita em Lucas do Rio Verde, os agrotóxicos cancerígenos aparecem no corpo humano pela ingestão de água, pelo ar, pelo manuseio dos produtos e até pelos alimentos contaminados.
Venenos como o Glifosato são despejados por pulverização aérea ou com o uso de trator, contaminam solo, lençóis freáticos, hortas, áreas urbanas e depois sobem para atmosfera. Com as precipitações pluviométricas, retornam em forma de “chuva de agrotóxico”, fenômeno que ocorre em todas as regiões agrícolas mato-grossenses estudadas. Os efeitos no organismo humano são confirmados por pesquisas também em outros municípios e regiões do país.

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo a pesquisadora do Inca, mostrou níveis fortes de contaminação em produtos como o arroz, alface, mamão, pepino, uva e pimentão, este, o vilão, em 90% das amostras coletadas. Mas estão também em praticamente toda a cadeia alimentar, como soja, leite e carne, que ainda não foram incluídas nas análises.

O professor Pignati diz que os resultados preliminares apontam que pelo menos 30% dos 20 alimentos até agora analisados não poderiam sequer estar na mesa do brasileiro. Experiências de laboratórios feitas em animais demonstram que os agrotóxicos proibidos na União Europeia e Estados Unidos são associados ao câncer e a outras doenças de fundo neurológico, hepático, respiratórios, renais e má formação genética.

Câncer em alta
A pesquisadora do Inca lembra que os agrotóxicos podem não ser o vilão, mas fazem parte do conjunto de fatores que implicam no aumento de câncer no Brasil cuja estimativa, que era de 518 mil novos casos no período 2012/2013, foi elevada para 576 mil casos em 2014 e 2015. Entre os tipos de câncer, os mais suscetíveis aos efeitos de agrotóxicos no sistema hormonal são os de mama e de próstata. No mesmo período, segundo Márcia, o Inca avaliou que o câncer de mama aumentou de 52.680 casos para 57.129.
Na mesma pesquisa sobre o leite materno, a equipe de Pignati chegou a um dado alarmante, discrepante de qualquer padrão: num espaço de dez anos, os casos de câncer por 10 mil habitantes, em Lucas do Rio Verde, saltaram de três para 40. Os problemas de malformação por mil nascidos saltaram de cinco para 20. Os dados, naturalmente, reforçam as suspeitas sobre o papel dos agrotóxicos.

Pingati afirma que os grandes produtores desdenham da proibição dos venenos aqui usados largamente, com uma irresponsável ironia: “Eles dizem que não exportam seus produtos para a União Europeia ou Estados Unidos, e sim para mercados africanos e asiáticos.”
Apesar dos resultados alarmantes das pesquisas em Lucas do Rio Verde, o governo mato-grossense deu um passo atrás na prevenção, flexibilizando por decreto, no ano passado, a legislação que limitava a pulverização por trator a 300 metros de rios, nascentes, córregos e residências. “O novo decreto é um retrocesso. O limite agora é de 90 metros”, lamenta o professor.

“Não há um único brasileiro que não esteja consumindo agrotóxico. Viramos mercado de escoamento do veneno recusado pelo resto do mundo”, diz o médico Guilherme Franco Netto, assessor de saúde ambiental da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz). Na sexta-feira, diante da probabilidade de agravamento do cenário com o afrouxamento legal, a Fiocruz emitiu um documento chamado de “carta aberta”, em que convoca outras instituições de pesquisa e os movimentos sociais do campo ligados à agricultura familiar para uma ofensiva contra o poder (econômico e político) do agronegócio e seu forte lobby em toda a estrutura do governo federal.

Reação da Ciência
A primeira trincheira dessa batalha mira justamente o Palácio do Planalto e um decreto assinado, no final do ano passado, pela presidente Dilma Rousseff. Regulamentado por portaria, a medida é inspirada numa lei específica e dá exclusividade ao Ministério da Agricultura _ histórico reduto da influente bancada ruralista no Congresso _ para declarar estado de emergência fitossanitária ou zoossanitária diante do surgimento de doenças ou pragas que possam afetar a agropecuária e sua economia.

Essa decisão, até então era tripartite, com a participação do Ministério da Saúde, através da Anvisa, e do Ministério do Meio Ambiente, pelo Ibama. O decreto foi publicado em 28 de outubro. Três dias depois, o Ministério da Agricultura editou portaria declarando estado de emergência diante do surgimento de uma lagarta nas plantações, a Helicoverpa armigera, permitindo, então, para o combate, a importação de Benzoato de Emamectina, agrotóxico que a multinacional Syngenta havia tentado, sem sucesso, registrar em 2007, mas que foi proibido pela Anvisa por conter substâncias tóxicas ao sistema neurológico.
Na carta, assinada por todo o conselho deliberativo, a Fiocruz denuncia “a tendência de supressão da função reguladora do Estado”, a pressão dos conglomerados que produzem os agroquímicos, alerta para os inequívocos “riscos, perigos e danos provocados à saúde pelas exposições agudas e crônicas aos agrotóxicos” e diz que com prerrogativa exclusiva à 
Agricultura, a população está desprotegida.

A entidade denunciou também os constantes ataques diretos dos representantes do agronegócio às instituições e seus pesquisadores, mas afirma que com continuará zelando pela prevenção e proteção da saúde da população. A entidade pede a “revogação imediata” da lei e do decreto presidencial e, depois de colocar-se à disposição do governo para discutir um marco regulatório para os agrotóxicos, fez um alerta dramático:
“A Fiocruz convoca a sociedade brasileira a tomar conhecimento sobre essas inaceitáveis mudanças na lei dos agrotóxicos e suas repercussões para a saúde e a vida.”
Para colocar um contraponto às alegações da bancada ruralista no Congresso, que foca seu lobby sob o argumento de que não há nexo comprovado de contaminação humana pelo uso de veneno nos alimentos e no ambiente, a Fiocruz anunciou, em entrevista ao iG, a criação de um grupo de trabalho que, ao longo dos próximos dois anos e meio, deverá desenvolver a mais profunda pesquisa já realizada no país sobre os efeitos dos agrotóxicos – e de suas inseparáveis parceiras, as sementes transgênicas – na saúde pública.

O cenário que se desenha no coração do poder, em Brasília, deve ampliar o abismo entre os ministérios da Agricultura, da Fazenda e do Planejamento, de um lado, e da Saúde, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, de outro. Reflexo da heterogênea coalizão de governo, esta será também uma guerra ideológica em torno do modelo agropecuário. “Não se trata de esquerdismo desvairado e nem de implicância com o agronegócio. Defendemos sua importância para o país, mas não podemos apenas assistir à expansão aguda do consumo de agrotóxicos e seus riscos com a exponencial curva ascendente nos últimos seis anos”, diz Guilherme Franco Netto. A queda de braços é, na verdade, para reduzir danos do modelo agrícola de exportação e aumentar o plantio sem agrotóxicos.

Caso de Polícia
“A ciência coloca os parâmetros que já foram seguidos em outros países. O problema é que a regulação dos agrotóxicos está subordinada a um conjunto de interesses políticos e econômicos. A saúde e o ambiente perderam suas prerrogativas”, afirma o pesquisador Luiz Cláudio Meirelles, da Fiocruz. Até novembro de 2012, durante 11 anos, ele foi o organizador gerente de toxicologia da Anvisa, setor responsável por analisar e validar os agrotóxicos que podem ser usados no mercado.

Meirelles foi exonerado uma semana depois de denunciar complexas falcatruas, com fraude, falsificação e suspeitas de corrupção em processos para liberação de seis agrotóxicos. Num deles, um funcionário do mesmo setor, afastado por ele no mesmo instante em que o caso foi comunicado ao Ministério Público Federal, chegou a falsificar sua assinatura.
“Meirelles tinha a função de banir os agrotóxicos nocivos à saúde e acabou sendo banido do setor de toxicologia”, diz sua colega do Inca, Márcia Sarpa de Campos Mello. A denúncia resultou em dois inquéritos, um na Polícia Federal, que apura suposto favorecimento a empresas e suspeitas de corrupção, e outro cível, no MPF. Nesse, uma das linhas a serem esclarecidas são as razões que levaram o órgão a afastar Meirelles.

As investigações estão longe de terminar, mas forçaram já a Anvisa – pressionada pelas suspeitas –, a executar a maior devassa já feita em seu setor de toxicologia, passando um pente fino em 796 processos de liberação avaliados desde 2008. A PF e o MPF, por sua vez, estão debruçados no órgão regulador que funciona como o coração do agronegócio e do mercado de venenos.


por iG São Paulo

16 de fev. de 2014

A SECA: INIMIGA SILENCIOSA DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA

Um projeto piloto do Banco Mundial estrutura o primeiro sistema brasileiro de monitoramento constante da seca. 

A seca é o membro tímido da família dos fenômenos naturais, na qual os furacões e os terremotos são os parentes extrovertidos, que recebem a maior atenção. Entretanto, de maneira silenciosa, a seca causa tantas ou mais perdas de vida e de bens materiais do que qualquer outro perigo físico, segundo dados da FAO.
No último século, mais de 2 bilhões de pessoas sofreram com as secas no mundo, das quais 11 milhões perderam a vida em consequência delas, segundo a organização.
No hemisfério norte, os agricultores de milho dos Estados Unidos sofreram em 2012 a seca mais grave dos últimos 50 anos, enquanto na América do Sul as plantações brasileiras e argentinas de soja e milho padeceram uma aridez particular que dizimou os cultivos, os quais correspondiam à metade da demanda mundial do grão.
Secas recentes provocaram um aumento nos preços dos alimentos em todo o mundo e levaram o México, por exemplo, a considerar a adoção de mecanismos como uma bolsa agrícola própria, para fazer frente às flutuações no mercado de milho.
E essa tendência a um mundo mais seco só vai piorar. Segundo os especialistas, na década de 80, houve uma média de 10 secas que produziram perdas econômicas da ordem dos milhões. Nos últimos anos, essas perdas se duplicaram.
O pior de tudo é que a maneira como os governos lidam com o chamado "ciclo hidrológico" não tem muito sentido. Daí o climatólogo norte-americano Donald Wilhite ter decidido chamá-lo de "ciclo hidro-ilógico".
Wilhite, reconhecido como o principal especialista mundial no desenho de políticas para a gestão da seca, afirma que o pânico é a primeira etapa desse círculo vicioso. Logo vem a chuva e, com ela, a apatia: nem os cidadãos nem os políticos veem a necessidade de se preparar para a próxima seca. Mas quando ela volta, desperta novamente a preocupação e o medo daqueles que não se prepararam para enfrentá-las.
Para ajudar a romper esse ciclo no Brasil, Wilhite trabalha num projeto piloto do Banco Mundial que desenha o primeiro sistema nacional de monitoramento constante da seca. O sistema funcionará no Ceará, um dos estados mais secos do Nordeste.
"Com os dados, podem ser tomadas decisões melhores e isso ajuda a enfrentar o problema", disse Wilhite numa entrevista realizada em Brasília, depois de participar de uma série de oficinas para os governos do Brasil e de outros países latino-americanos.
O especialista avalia que na América Latina hoje há mais conhecimento sobre o tema e que a capacidade dos governos é maior do que há 10 ou 20 anos. "O México, por exemplo, sofreu graves secas nos últimos anos. E quando o novo presidente (Enrique Peña Nieto) assumiu o cargo em dezembro de 2012, estava convencido de que era necessário desenvolver um programa contra as secas".
Aqui ele destaca o desafio lançado à Comissão Nacional da Água (Conagua) que ajudou o país a atuar com determinação. "Na oficina que fiz na semana passada em Fortaleza (Brasil), vi que muitos países da América Latina e do Caribe têm interesse nesse tipo de histórias. É bom ver como os países com diferentes padrões climáticos estão se unindo e vendo o que necessitam para fazer frente às secas."
Ao ser consultado sobre quais seriam as novas formas de enfrentar o problema, Wilhite recomenda que quando acontece uma seca, as autoridades devem estar atentas.
"É nesse momento que estão em melhor posição para fazer mudanças no planejamento e na avaliação de como podem gerir seus recursos de maneira preventiva. Os eventos extremos (secas, inundações, etc.) tendem a aumentar com a mudança climática, e seu custo é muito elevado. Limitar-se a reagir a eles é muito custoso, e tem outras consequências negativas, não só para as pessoas, mas para os vários setores econômicos", garante.

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Os meios de comunicação não só devem informar sobre a seca, mas sobre o processo de planejamento contra esses desastres.Close Quotes
Donald Wilhite
Climatologista
A seca, o parente pobre
O especialista, que também é professor da Universidade de Nebrasca-Lincoln, destaca que a seca é o "parente pobre" dos fenômenos naturais . "De fato, o tema fica um pouco em evidência quando há uma crise, mas uma vez que o evento passa, a atenção da mídia se volta para outro assunto".
Ele acrescenta que a comunicação é muito importante na prevenção de novas catástrofes relacionadas com o processo de seca: "Os meios de comunicação não só devem informar sobre a seca, mas sobre o processo de planejamento contra esses desastres. Diferentemente dos cientistas, os jornalistas sabem transmitir as mensagens de forma que as pessoas as entendam".
Em relação ao que se está fazendo no Brasil, Wilhite destaca que não é uma coisa que se possa fazer de um dia para o outro.
"Em seis meses, se há vontade, é possível esboçar uma política nas reuniões com os ministérios e outras partes interessadas. É preciso tempo para integrar tanta gente e para que todo mundo entenda o problema. E ainda mais tempo para desenvolver as ferramentas para a ação. Por exemplo, o desenvolvimento do sistema de vigilância da seca no Nordeste é um pouco lento, mas possível".

Fonte: http://www.worldbank.org/

10 de fev. de 2014

BRASIL REGISTRA O MENOR NÚMERO DE FOCOS DE INCÊNDIO DESDE 2000

Em 2013, satélites registraram 115 mil queimadas em todo o país. Número deve voltar a crescer em 2014 por causa do tempo seco.



O Brasil registrou no ano passado o menor número de focos de incêndio desde 2000, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ao longo de 2013, foram detectados por satélites 115 mil pontos de calor. O número é 40% menor que o verificado em 2012 (194 mil).
Para o pesquisador Alberto Setzer, responsável no Inpe pelo monitoramento de queimadas no país, três fatores podem explicar o dado: o alto índice de chuvas, a situação econômica desfavorável e uma maior fiscalização.
"O ano de 2013 foi bem mais chuvoso que 2012 e outros anos. Quando há uma maior precipitação, ficam diminuídas as condições para uso e propagação do fogo", diz. "Além disso, a gente tem observado que, em anos que a situação econômica é favorável, quando há crescimento, seja pela exportação de soja ou de alguma outra atividade em alta, o número de queimadas e o desmatamento tendem a crescer, já que pessoas tentam aumentar a produção para se beneficiar. Não foi o caso do ano passado, quando todos estavam um pouco com o 'pé atrás'."
Segundo o pesquisador, um maior cerco das autoridades também foi fundamental. "Obviamente, quando as instituições estaduais e federais ligadas ao meio ambiente estão mais ativas no controle, cai o uso do fogo, já que ele é indevido, ilegal. E houve mais campanhas educativas e uma fiscalização mais intensa [em 2013]", afirma.
Pará foi o campeão de focos de incêndio: 20.542. Logo atrás, ficou Mato Grosso, com 17.823. O Maranhão, que em 2012 encabeçava a lista, diminuiu quase pela metade os registros: de 31.594 para 16.191 no ano passado.
2014
As altas temperaturas registradas neste ano devem favorecer novamente um aumento na estatística. Foram registrados em janeiro 2.634 focos, um aumento de quase 30% em relação ao mesmo mês do ano passado (2.049). Parte dos incêndios ocorreu em Mato Grosso (315), no Pará (251) e no Maranhão (195). Janeiro, no entanto, não costuma ser o mês que mais registra ocorrências. Historicamente, agosto, setembro e outubro concentram a maioria dos focos.

Para Setzer, as queimadas devem aumentar em 2014, em parte devido ao chamado "ciclo do fogo". "Quando se queima muito durante um ano, a matéria orgânica da superfície [do solo] se reduz. E a recomposição não é imediata. Em 2013, o número foi muito baixo, então em 2014 a gente terá uma situação oposta, já que haverá mais fontes disponíveis de combustão, sem contar que o ano está mais seco e quente", destaca.

Sob risco

Um em cada cinco municípios brasileiros (1.034 ao todo) tem atualmente alguma faixa de seu território em situação crítica para queimadas. "Isso significa que, se houver o início de uma queimada, ela pode sair do controle, já que a vegetação está mais seca e a umidade relativa do ar, muito baixa", diz Setzer.
Governo do Tocantins decreta situação de emergência por causa dos focos de queimadas (Foto: Elisangela Farias/G1 TO)
Apesar da diminuição de queimadas, Tocantins
teve que decretar situação de emergência em 2013
por causa de focos (Foto: Elisangela Farias/G1)
Os satélites do Inpe conseguem diagnosticar todos os focos de incêndio que tenham pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura.
Quase todas as queimadas hoje são causadas pelo homem, seja de forma proposital ou acidental. As razões variam desde limpeza de pastos, preparo de plantios, desmatamentos e colheita manual de cana-de-açúcar até balões de São João, disputas por terras e protestos sociais.
Segundo o Inpe, as queimadas destroem a fauna e a flora nativas, causam empobrecimento do solo e reduzem a penetração de água no subsolo, além de gerar poluição atmosférica com prejuízos à saúde de milhões de pessoas e à aviação. Denúncias de incêndios criminosos podem ser feitas ao Corpo de Bombeiros, às prefeituras, às secretarias estaduais do Meio Ambiente e ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Confira a matéria na íntegra em: g1.globo.com (http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/02/brasil-registra-o-menor-numero-de-focos-de-incendio-desde-2000.html)

4 de fev. de 2014

CAERDES REALIZA CURSO DE EXTENSÃO EM AGROECOLOGIA E AGRICULTURA ORGÂNICA

Foto: Sheila Feitosa

Introdução e princípios fundamentais da Agroecologia; manejo adequado da vegetação espontânea e dos solos tropicais; e indicadores de pragas e doenças são alguns dos conteúdos abordados no curso de extensão em Agroecologia e Agricultura Orgânica, realizado pelo Centro de Agroecologia Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (CAERDES), que fica no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro.

O curso, que começou neste sábado (1) e vai até a próxima quinta-feira (6), é ministrado pelo professor da UNEB, Dr. Jairton Fraga Araújo, e pela mestranda Melina Fernandes Costa e é voltado a estudantes de Agronomia e profissionais da área. A proposta é apontar os caminhos para o acesso a conteúdos que visam facilitar o entendimento dos conceitos de Agroecologia e Agricultura Orgânica que, segundo a mestranda Melina Fernandes Costa, são frequentemente confundidos pelas pessoas.  “A Agroecologia é uma ciência mais filosófica que tem como base a sustentabilidade. Já a agricultura orgânica põe em prática os princípios adotados pela Agroecologia”, explica Melina.

Para o professor da UNEB Dr. Jairton Fraga Araújo a capacitação de estudantes nesse curso de extensão é fundamental para que eles possam compreender que existem outras possibilidades para o desenvolvimento da agricultura. “O curso mostra que é possível ter produtividade, consciência e ganho econômico com responsabilidade socioambiental, utilizando tecnologias sustentáveis”, ressalta Jairton. 

A estudante de Agronomia da UNEB Maria Isabela de Souza Feitosa considera o tema essencial para sua formação profissional. “Optei em fazer o curso de extensão porque vejo a Agroecologia como um ramo bastante promissor, tendo em vista que a cada dia as pessoas se preocupam mais com a saúde e em consumir menos agrotóxicos”, relata.

O curso de extensão em Agroecologia e Agricultura Orgânica possui carga horária de 44 horas.


Fonte: blogdodtcs.blogspot.com.br
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