28 de nov. de 2014

A DESERTIFICAÇÃO E OS REFUGIADOS AMBIENTAIS


Fonte: Vivaterra

Mais de 1,2 bilhão de pessoas vivem em regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas, responsáveis por 22% da produção de alimentos do mundo. Só no Brasil, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 32 milhões de pessoas habitam áreas que podem se tornar desérticas, áreas que ocupam mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, ou seja, 15,7% do território nacional. Não se revertendo o processo de desertificação, essas pessoas não conseguirão permanecer nas áreas em que habitam hoje. Os panoramas que estão sendo delineados, mantidas as atuais tendências, são todos muito preocupantes. São urgentes medidas para a estabilização do avanço da desertificação, impedindo que novas áreas sejam degradadas, e a adoção de práticas agrícolas mais desenvolvidas devem ser adotadas no combate e prevenção da deterioração do solo. É vital que se recomponha a malha hídrica, que se protejam as nascentes, que se faça um trabalho muito grande de capacitação da agricultura, das práticas apropriadas que tenham relação mais simbiótica com o clima e que se desenvolvam estratégias apropriadas para o clima, que está cada vez mais árido.



A cada ano a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma superfície equivalente a Bélgica e a três Sergipes perde sua capacidade vital. A cada minuto, 12 hectares de terra viram deserto no mundo. A desertificação está claramente ligada à sobrevivência humana, por causar a fome que mata e ameaça a vida de milhares de pessoas em lugares onde a terra racha e nada cresce.

A desertificação tem desencadeado importantes fluxos migratórios do campo para as cidades. O processo de recuperação de uma área desertificada é complexo, pois necessita de ações capazes de controlar, prevenir e recuperar as áreas degradadas. Paralelamente a estas ações, cabe uma maior conscientização política, econômica e social no sentido de minimizar e/ou combater a erosão, a salinização, o assoreamento entre outros. A ONU calcula que sejam necessários de US$ 10 bilhões a 22,4 bilhões por ano para conter a desertificação em 20 anos.

Ainda segundo a ONU, há mais de 10 milhões de refugiados ambientais, ou seja, pessoas que foram obrigadas a migrar para outros países devido à seca e à perda da fertilidade do solo. A África é o continente mais afetado, notadamente na região subsaariana, mas o problema é também particularmente grave na América Latina. No Brasil, grandes áreas estão se transformando em desertos, principalmente no Nordeste e no Rio Grande do Sul. Especialistas que estudaram o assunto chegaram a conclusões pessimistas. Serão necessários 40 bilhões de dólares por ano para aplicar em obras que possam conter a desertificação em todo o mundo. O dobro da previsão da ONU

Cerca de 100 países são afetados pela perda acelerada da fertilidade dos solos. A América do Norte, com 74% de terras áridas ou semi-áridas, e a África, com 73%, são as regiões onde a situação é mais preocupante. Mas, a médio prazo, processos de desertificação ameaçam áreas onde isso pareceria impensável há algumas décadas. A intensidade das secas registradas recentemente na Espanha e no Sul da Itália causa temores. Na Ásia, com sua alta densidade populacional, se calcula em quase 1,5 milhão o número de hectares em que já não se pode cultivar, devido à desertificação.

O fenômeno climático El Niño, que, inicialmente, causa fortes inundações e em seguida grandes períodos de seca, agrava o problema, cuja seriedade a ONU compara com a ameaça do aquecimento global. De acordo com alguns especialistas, porém, a relação entre desertificação e mudanças climáticas pode ser ainda mais complexa. Alguns acreditam que a desertificação está alterando o clima, muito mais do que sendo afetada por ele. 

Estima-se que até 2020 cerca de 135 milhões de pessoas correrão risco de serem obrigadas a abandonar suas terras devido à contínua desertificação, e destas, 60 milhões serão da África Subsaariana. 

Já na Ásia, com 1,7 bilhão de hectares de terra árida, semi-árida e semi-úmida, as regiões prejudicadas incluem desertos crescentes na China, Índia, Irã, Mongólia e Paquistão; as dunas de areia da Síria; as montanhas erodidas do Nepal; e o desmatamento e pecuária extensiva das regiões montanhosas do Laos. 

Quanto ao número de pessoas afetadas pela desertificação e pela seca, a Ásia é o continente mais prejudicado, de acordo com a ONU. Na América Latina, apesar das florestas tropicais úmidas da região, a perda de terras de cultivo e de vegetação afeta 313 milhões de hectares na região e no Caribe (250 milhões na América do Sul e 63 milhões na América Central e no México). 

Já na Europa, o chamado grupo do Mediterrâneo Norte, formado por Espanha, Portugal, Itália, Turquia e Grécia, é uma das quatro regiões que, segundo a convenção das Nações Unidas, é afetada pela desertificação. 

Um dos países nos quais é possível constatar uma maior desertificação é o Sudão, onde o problema afeta 13 das 15 províncias, o que representa uma superfície total de 414 mil quilômetros quadrados, segundo o Governo sudanês. O Governo do Sudão atribui o avanço do deserto e o retrocesso da qualidade da terra mais à exploração dos recursos do solo do que à mudança climática. A desertificação também preocupa a China, onde avança a um ritmo de 1.283 quilômetros quadrados ao ano, e já afeta 400 milhões de pessoas diretamente, de acordo com a Administração Estatal Florestal. 

Cerca de 18% do território chinês já é uma área desértica, principalmente a faixa norte e oeste, embora outros 14% sofram as consequências da desertificação, que se estende praticamente por todo o país, segundo o departamento oficial. A pressão da enorme população, o desenfreado desenvolvimento econômico e a poluição deixaram inclusive em uma situação "extremamente frágil" as regiões desérticas reflorestadas, de acordo com as autoridades.


24 de nov. de 2014

TERCEIRO DIA DO CURSO DE AGROECOLOGIA E AGRICULTURA ORGÂNICA ABORDA TEMAS COMO GENÓTIPO E CLIMA



O II Curso de Extensão em Agroecologia e Agricultura Orgânica promovido pelo CAERDES teve o seu terceiro dia neste sábado (22). Com o intuito de conscientizar a respeito das possibilidades ligadas à produção sustentável de alimentos, o CAERDES recebeu cerca de 40 estudantes de Engenharia Agronômica. Os alunos assistiram às aulas pela manhã e pela tarde e puderam aprender um pouco mais sobre o papel do genótipo – conjunto das informações genéticas – no contexto do clima e do ambiente em que ele se localiza. Além disso, eles tiveram contato com a importância de se escolher adequadamente as raças e variedades que serão produzidas em função das características do clima.

O Prof. Dr. Jairton Fraga Araújo, ministrante do curso, destaca a importância desses conteúdos para quem está no início do curso de Agronomia. “Quando os alunos chegarem às disciplinas mais profissionalizantes, eles já estarão com um grau de compreensão”, declara. No entanto, ele frisa que a visão desses alunos será sob o olhar da agroecologia, enquanto que no curso de Engenharia Agronômica, será a visão da agricultura convencional.

Jeann Thallys, estudante do 1º período de Engenharia Agronômica, declara que os conteúdos do terceiro dia de curso são promissores. “O curso de hoje está me adiantando muitas coisas. Estou fazendo anotações para que, futuramente, eu possa pesquisar e enriquecer mais meus conhecimentos”, diz. Jeann fala também que, após o curso, espera ter adquirido uma bagagem teórica que possa ser usada em seu futuro profissional.

O curso também traz boas expectativas para quem faz parte da comissão organizadora. Carlos Diogo Medeiros, estudante do 8º período de Engenharia Agronômica da UNEB e bolsista de pesquisa do CAERDES, expõe sua satisfação com a repercussão curso. “É muito gratificante ver os alunos chegarem até nós para dizer que estão gostando dos conteúdos e elogiando as aulas. Para nós é muito satisfatório fazer parte dessa construção”, afirma.

Texto e foto: Mirielle Cajuhy
Estagiária em Assessoria de Comunicação




20 de nov. de 2014

PARA PRESERVAR A ÁGUA, MPF QUER PROIBIR NOVAS OBRAS EM RIOS DA AMAZÔNIA

Fonte: Ciclo Vivo

Procuradores da República de seis estados pedem que a Justiça Federal proíba a Agência Nacional de Águas (ANA) de autorizar novos empreendimentos em importantes rios da Amazônia brasileira sem que, antes, sejam criados os chamados comitês de bacia hidrográfica. São colegiados com a participação da sociedade civil que, entre outras coisas, definem os mecanismos de uso compartilhado da água e o plano de recursos hídricos de cada bacia.

Os procuradores ingressaram na última terça-feira (19), com ações em tribunais federais do Amapá, Pará, Amazonas, em Mato Grosso, Rondônia e Roraima. Eles pedem que a agência seja proibida de emitir a Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica para quaisquer empreendimentos que estejam em fase de licenciamento nas bacias dos rios Tapajós, Teles Pires, Madeira, Ji-Paraná, Negro, Solimões, Oiapoque, Jari, Araguaia, Tocantins e Trombetas, antes que os comitês de bacia sejam criados, e seus membros nomeados e empossados. No total, foram ajuizadas nove ações.
“Rigorosamente, a ação inviabiliza qualquer empreendimento futuro [nos rios da região amazônica], pois, para fazer qualquer coisa é preciso a outorga da ANA. O propósito é assegurarmos que tenhamos água suficiente e de qualidade para a população”, explicou a subprocuradora-geral da República, Débora Duprat, que coordena a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF – órgão setorial do MPF, responsável por tratar dos temas relacionados às comunidades tradicionais, como índios, quilombolas, ribeirinhos e ciganos.

A subprocuradora garantiu que, se aceitos pela Justiça, os pedidos dos procuradores não afetarão os empreendimentos em curso. Não está descartada, no entanto, a hipótese de ajuizamento de outras ações, inclusive em outras regiões do país. Segundo Débora, a iniciativa foi motivada pela preocupação do MPF com os rios amazônicos, com a disponibilidade de água e com a má gestão dos recursos hídricos.

“Estamos vivendo uma crise hídrica sem precedentes [em outras regiões] devido à má gestão desses recursos. Para nossa surpresa, ao começarmos a trabalhar com os rios amazônicos, descobrimos que a bacia amazônica não tem comitês. Ou seja, não tem um plano de uso e de gestão da água”, acrescentou a subprocuradora, revelando que os próprios procuradores da 6ª Câmara decidiram ingressar com as ações considerando que a Constituição Federal prevê a existência de um sistema nacional de gestão de recursos hídricos e que uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente estabelece que qualquer empreendimento leve em consideração os impactos para a bacia hidrográfica.

“Não é possível acumularmos empreendimentos sem sabermos a capacidade das bacias hidrográficas de suportar isso sem comprometer a existência d'água para seu principal fim, que é o uso humano”. De acordo com Débora, os procuradores da 6ª Câmara constataram que as bacias da região amazônica não dispõem de comitês hidrográficos enquanto analisavam os impactos da construção de usinas hidrelétricas nos rios Teles Pires e Tapajós.

Procuradora da República em Santarém, Fabiana Schneider destacou a importância dos comitês e do planejamento no uso da água. “Com tantos empreendimentos sendo planejados para a região, se não houver um planejamento mínimo, holístico, [outras exigências administrativas] quase não surtirão resultados concretos. O licenciamento ambiental, por exemplo, costuma ser concentrado em uma área e em um empreendimento, enquanto o comitê leva em conta a bacia hidrográfica”.
Procurada pela Agência Brasil, a Agência Nacional de Águas informou que não foi  notificada sobre as ações e que só irá se pronunciar após analisar juridicamente as petições.

10 de nov. de 2014

MUDANÇA DO CLIMA AUMENTA RISCO DE CONFLITOS

Texto: José Eduardo Mendonça
Foto: UK Department for International Development / Creative Commons / Flickr

Uma combinação de mudança do clima e insegurança alimentar, que pode ser exacerbada por alterações nos padrões do tempo, está amplificando os riscos de conflito e protestos em 32 países, de acordo com o Atlas de Risco da Mudança do Clima e Ambiente, publicado pela empresa de análise global de risco Maplecroft.
O novo relatório avaliou 198 nações por diversos parâmetros, incluindo vulnerabilidade, emissões de gases de efeito estufa, regulações e serviços do ecossistema.
Economias emergentes, como as de Bangladesh, Índia e Filipinas, e muitas das africanas, estão entre aquelas qualificadas como mais suscetíveis a problemas. O ranking levou em consideração o perigo para estes países e o quanto a capacidade de seus governos de promover medidas de adaptação pode significar nas próximas três décadas.
Uma das principais características dos países em “risco extremo” é sua forte dependência do setor agrícola, que emprega quase dois terços de suas populações e responde por 28% da receita média. A Maplecroft nota que mudanças nos padrões do tempo já produzem impactos sobre a produção de alimentos, pobreza e estabilidade social.
O relatório aponta Nigéria, Etiópia, Filipinas e Haiti, além de países africanos como Sudão do Sul, Chade, República Centr0-Africana e Eritréia como os 10 no topo da lista. Neles, altos níveis de pobreza, deslocamentos de populações e conflitos deverão aumentar, junto com secas e enchentes, que piorariam a situação.
A empresa afirma que o gasto com iniciativas de resiliência, tais como colheitas resistentes à seca, mais infraestrutura e redução da pobreza podem ajudar na adaptação. Mas alerta que programas para isto exigem vontade política e dinheiro, que pode ser escasso se os países mais ricos não contribuírem com o fundo de U$ 100 bilhões, prometidos por eles até 2020, para ajudar nações em desenvolvimento a combater a mudança do clima, diz o Business Green.

4 de nov. de 2014

SUPERMERCADO USA O PRÓPRIO LIXO PARA FAZER COMPOSTAGEM



Projeto transforma 3 toneladas de lixo orgânico em adubo. Compostagem é feita em parceria com a empresa Videverde (Venativ), em Magé, no Rio. Foto: Divulgação

Rio de Janeiro – As redes de supermercados são as responsáveis por gerar a maior quantidade de lixo orgânico. Boa parte deste material é descartado nos aterros sanitários sem passar por qualquer processo de separação ou reciclagem. Na contramão, a Zona Sul, uma das grandes redes no Rio de Janeiro, decidiu investir em um programa para transformar o lixo gerado em suas lojas em adubo orgânico.

O lixo orgânico é aquele resíduo de origem vegetal ou animal, como restos de alimentos (carnes, vegetais, frutos, cascas de ovos). Em seu processo de decomposição, esse lixo produz o chorume, um líquido viscoso que pode provocar contaminação de ambientes naturais como solo e águas.

Se não aproveitado de forma correta, o resíduo orgânico perde seu grande potencial que é o de gerar energia e ainda transformar-se em um importante produto para adubar a terra. É através da compostagem que é possível aplicar um conjunto de técnicas para transformar o que, a princípio, não teria mais valor em um produto útil.

A compostagem é um processo de transformação de matéria orgânica em adubo com a ação de bactérias em alta temperatura. Este processo é também conhecido como uma forma de se reciclar o indesejável e mal cheiroso lixo orgânico.

Descarregando os resíduos orgânicos que se transformarão em adubo através da compostagem. Foto: divulgação Zona Sul

Há cinco anos, a Zona Sul resolveu separar as 5 toneladas de lixo orgânico geradas nas 33 lojas e mandar para a compostagem. Após a triagem do lixo, restam 3 toneladas que se tornam matéria-prima para transformar-se em adubo, que pode ser usado na agricultura, jardins e plantas.

"O que geramos de resíduos orgânicos em toda a nossa rede é praticamente uma cidade, pois temos cinco mil funcionários. A gente começou a pensar na ideia da compostagem", contou a ((o))eco Fortunato Leta, diretor-presidente da rede Zona Sul. "O desafio era retribuir para a sociedade e diminuir a carga de resíduos que a gente leva para os aterros", disse em uma conversa durante o seminário "Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Como transformar lixo em dinheiro".

A ideia começou a tomar corpo em 2009 e hoje, já são produzidos 30 toneladas de adubo orgânico através de empresas parceiras. Apenas a rede em si mobiliza 150 funcionários para trabalhar no processo de seleção do lixo enviado para a compostagem. Uma parte é feita com uma empresa parceira no município de Magé, a 60 km da capital fluminense, e outra parte segue para a Comlurb, que compra o lixo para fazer composto orgânico e utilizar em praças e encostas.
Compostagem ainda é cara

Leta diz que esta iniciativa de reciclagem de lixo orgânico é pioneira no setor de redes de supermercados no estado do Rio, mas ainda não se paga. "Arrisco a dizer que somos os únicos na indústria de supermercado que fazemos esse projeto no Rio, ou seja, aproveitar o lixo e não levá-lo para o aterro". No entanto, ele garante que sai "muito mais barato" jogar o lixo no aterro sanitário. "Ainda não consegui fechar os custos. Meu discurso está antenado com a ação, mesmo não valendo a pena economicamente", disse. O adubo orgânico derivado do lixo reciclado volta às prateleiras das lojas do Zona Sul em embalagens de 2 quilos.

Para Leta, o desafio agora é participar de todo o ciclo que envolve desde a geração de lixo, reciclagem, adubação e produção de cultivos orgânicos. Em um projeto ainda piloto, a rede alugou um pequeno terreno onde planta pimenta em 4 mil metros quadrados de área. A primeira safra da pimenta foi colhida recentemente de um solo também certificado como orgânico.

"Conseguimos uma parceria de um produtor orgânico em Magé próximo à empresa que faz a compostagem e lá estamos produzindo pimenta. É a nossa primeira experiência. Queremos participar do ciclo completo. Se der certo, vamos expandir", disse Leta.

3 de nov. de 2014

CASCA DE FRUTA, RESTO DE VERDURAS E LEGUMES, IOGURTE… TUDO ISSO PODE VIRAR ADUBO

Fonte: Escola de Jardinagem do Parque do Ibirapuera - São Paulo/SP

O nome desse processo é compostagem. Quando você transforma seu lixo em adubo, pode oferecer ao solo um material rico em nutrientes (no caso de uma horta ou mesmo para as plantas do seu jardim) e, principalmente, ajuda a reduzir a quantidade de lixo que vai diariamente para os aterros e lixões do Brasil. Aprenda a fazer a compostagem doméstica e mãos à obra!

Foto: Divulgação


PASSO 1 – O recipiente

Você deve ter um recipiente para colocar o material orgânico. Pode ser um pote de sorvete, uma lata de tinta ou um balde. Vale usar a criatividade com o que estiver ao seu alcance. Se der para reaproveitar algum recipiente, melhor ainda. É importante furar o fundo. Você pode fazer isso manualmente, variando o tamanho dos buracos. É por eles que o chorume (líquido eliminado pelo material orgânico em decomposição) vai passar.
Um detalhe importante é que o chorume pode ser reaproveitado, pois, neste caso, é um fertilizante de alto potencial (já que é originado apenas de matéria orgânica). Você pode recolhê-lo e devolver à mistura da sua compostagem ou ainda jogar em plantas, diluído (anote a proporção: 1 copo de chorume para 9 copos de água).

PASSO 2 – A composteira

Embaixo do recipiente no qual você vai colocar o material orgânico, deve haver outro que vai “recolher” o chorume. Pode ser uma bacia mais rasa, por exemplo. Ela não pode ficar em contato direto com a lata ou o pote, pois o chorume deve ter um espaço para escorrer. Use um calço – como pedaços de tijolo – para colocar em baixo da lata e deixá-la um pouco mais “alta” em relação à bacia. (A compostagem até pode ser feita em contato direto com o solo, mas neste caso o terreno deve ter boa drenagem e ser inclinado, para que o chorume não acumule em um local só).
PASSO 3 – Hora de colocar o lixo
Fazer compostagem em casa não é só jogar o lixo orgânico de qualquer jeito e deixar que a natureza faça “o resto sozinha”. Existe um método para viabilizar, facilitar e acelerar a decomposição do material orgânico. O segredo é sobrepor os tipos de resíduos orgânicos, ou seja, o processo é feito em camadas.

O que regula a ação dos microorganismos que vão decompor o material é a proporção de nitrogênio e carbono. Essa relação deve ser de três para um. Ou seja, uma camada de nitrogênio para três camadas de carbono. O que é nitrogênio? É o material úmido (o lixo, em si). O que é o carbono? É matéria seca, como papelão, cascalho de árvore, serragem, folhas secas, aparas de grama e palha de milho. (Se a relação for diferente desta, não significa que não ocorrerá o processo de compostagem, apenas que vai levar mais tempo).

E… pique, pique, pique! Quanto menor estiver o material que você colocar (tanto o seco quanto o úmido), melhor. Comece com uma camada de material seco, depois coloque o material úmido. Depois coloque outra camada de material seco, umedeça-o um pouco e continue o processo. É importante que a última camada (a que vai ficar exposta) seja sempre seca, para evitar mau cheiro. Uma opção é colocar cal virgem por cima. Outro detalhe essencial é: não tampe a composteira. O material orgânico não pode ficar abafado.  Ah, procure sempre manusear a sua composteira com luvas.

O que você pode usar:

- Resto de leite;
- Filtro de café usado;
- Borra de café;
- Cascas de frutas;
- Sobras de verduras e legumes;
- Iogurte;

O que você não pode usar:

- Restos de comida temperada com sal, óleo, azeite… qualquer tipo de tempero;
- Frutas cítricas em excesso, por causa da acidez;
- Esterco de animais domésticos, como gato e cachorro;
- Madeiras envernizadas, vidro, metal, óleo, tinta, plásticos, papel plastificado;
- Cinzas de cigarro e carvão;
- Gorduras animais (como restos de carnes);
- Papel de revista e impressos coloridos, por causa da tinta.

PASSO 4 – Espere, mas cuide

Depois que você montou toda a estrutura, é hora de dar tempo ao tempo. A primeira fase é de decomposição, quando a temperatura interna do material que está na composteira pode chegar a 70°C. Isso dura cerca de 15 dias, no caso da compostagem doméstica. Nesse período, o ideal é não mexer. Depois, revolver o material é super importante para fornecer oxigênio ao processo. Essas “mexidas” podem ser feitas de diversas formas: com um “garfo de jardim” ou trocando o material de lugar –  para uma outra lata, por exemplo.

Nesse ponto, você pode se perguntar: mas eu gero lixo orgânico todo dia. Posso jogá-lo na composteira diariamente? Melhor não. Você tem algumas alternativas. O ideal é acrescentar matéria orgânica cada vez que for “mexer” na sua composteira, ou seja, a cada 15 dias, mais ou menos. Nesse intervalo, guarde as suas cascas de frutas, verduras e o resto que for reaproveitável em um potinho na geladeira.

Foto: Divulgação

O tempo para ter o adubo final varia em função da quantidade de lixo usado e pela forma como a compostagem é feita. É possível chegar ao final do processo em 2 ou 3 meses. O indicativo de que o húmus (adubo) está pronto é quando a temperatura do composto se estabiliza com a temperatura ambiente. Para saber, use os sentidos: a cor é escura, o cheiro é de terra. E , quando o esfregamos nas mãos, elas não ficam sujas.