14 de jan. de 2015

CONHEÇA CINCO CIDADES DA AMÉRICA QUE APOSTAM EM BICICLETAS E INSPIRAM CICLOVIAS DE SÃO PAULO



NY, Bogotá, Buenos Aires, Portland e Cidade do México priorizam bikes como alternativa de transporte para revolucionar a ocupação do espaço público.
Por Patrícia Dichtchekenian
A ocupação dos espaços públicos nas metrópoles é um dos principais desafios do século 21 e a expansão das ciclovias é uma das maneiras mais benéficas de revolucionar a relação entre os cidadãos e os ambientes de uso comum e de atividades coletivas. “Todo mundo está tentando se reinventar para transformar a cidade fechada de grades e muros em uma aberta em que as pessoas usufruem os espaços. São Paulo entrou atrasada nisso”, comenta a Opera Mundi Leonardo Barchini, secretário de Relações Internacionais e Federativas da Prefeitura de SP.
Temos que nos inspirar não só em cidades em que a realidade é semelhante à nossa”, diz secretário de RI da Prefeitura de SP
Nos últimos meses, a expansão das ciclovias ao redor de São Paulo gerou uma mudança comportamental da população e uma divergência de postura entre os paulistanos. “Há resistência em todos os lugares. Em todas as cidades pesquisadas, as reações foram semelhantes, porque os automóveis são mesmo mais confortáveis. Não é um processo da noite pro dia, mas é vitorioso, pois as pessoas começam a perceber que as bicicletas também são benéficas”, diz o secretário.
Embora não seja um transporte coletivo, a bicicleta também ameniza dois grandes problemas urbanos: o trânsito e a poluição (tanto atmosférica, quanto sonora). “Nem todo mundo pode andar de bicicleta, por questão de saúde, idade e condição geográfica. Trata-se de uma alternativa a mais. Não é a única, nem pode ser, mas ela precisa existir”, acrescenta.
Segundo Barchini, a função da pasta que comanda é a de procurar boas práticas de políticas públicas em vários países por determinação do prefeito Fernando Haddad. “Temos que nos inspirar não só em cidades em que a realidade é semelhante à nossa, mas também nas que podem não ser parecidas hoje, mas que já foram 40 anos atrás”, explica. No continente, cidades como Nova York, Bogotá, Buenos Aires, Portland e Cidade do México foram alguns exemplos que inspiraram São Paulo na consolidação das ciclovias. Conheça melhor o modelo de cada uma:
1) NOVA YORK: Por dia, mais de 200 mil pessoas atravessam a “Big Apple”, o que representa quase 2,5 % da população. De acordo com o Departamento de Transportes nova-iorquino, 10% das viagens feitas na cidade são de menos de 800 metros; 22% de menos de 1,6km e 56% de menos de 3,2 km. Isto é, mais da metade dos deslocamentos diários correspondem a distâncias possíveis de serem realizadas via bicicleta.

Cibike em NY: aluguéis variam de US$ 9,95 (diário) , US$ 25 (semanal)  ou US$ 95 (anual)
No início de 2013, uma parceria público privada com apoio de Citibank e Goldman Sachs deu origem à companhia de aluguel de bicicletas chamada Citibike — um fenômeno semelhante ao modelo implantando em São Paulo. Em dez meses, mais de 100 mil usuários aderiram ao plano anual, cujo valor é de US$ 95 (quase R$ 250).
“NY é um caso muito pesquisado, já que nos últimos anos tem partido de uma estratégia de privilegiar a ocupação de espaços públicos que nos inspiraram, como os ‘parklets’, ‘foodtrucks’ e o próprio Citibike’”, comenta Barchini. “A política de investimentos é muito centrada em Manhattan, por ser mais nobre e por concentrar empregos. Mas vale lembrar que lá demorou cinco anos para as pessoas assimilarem que essas medidas eram benéficas”, completa.
2) BOGOTÁ: Com 376 quilômetros, a ciclovia de Bogotá é a maior da América Latina e comporta o uso de até 1 milhão de usuários de uma vez. Na capital, 14% dos residentes deslocam-se diariamente de bicicleta ou a pé, embora o município tenha uma área marcada por aclives e declives. Por conta disso, a Secretaria de Educação de Bogotá encomendou neste ano pelo menos 4.300 bicicletas com design adaptado à ergonomia de crianças e às condições topográficas da cidade.
As construções das 'ciclorutas' — termo que designa espaços isolados destinados às bikes — começaram em 1998, na gestão do então prefeito Enrique Peñalosa. Segundo a Prefeitura de SP, uma das principais experiências de Bogotá, vista com bons olhos pelos gestores paulistas, foi seu sistema de treinamento de guardas civis metropolitanos para segurança dos ciclistas, chamados de “anjos” pelos bogotanos.
3) BUENOS AIRES: No caso de Buenos Aires, um dos principais exemplos adotados por São Paulo foram as ciclovias segregadas, isto é, que ocupam espaço protegido das faixas destinadas aos veículos motorizados. O sistema começou a ser construído em 2009 e já tem 130 quilômetros de extensão na capital argentina. Além disso, essas ciclovias foram construídas em ruas secundárias, evitando que ciclistas se exponham às altas velocidades dos carros, ônibus ou caminhões.
Bicicletas em Caminito, no bairro La Boca, em Buenos Aires: governo argentino tomou série de medidas para estimular uso
Nos últimos anos, Buenos Aires tem adotado uma série de estímulos ao uso das duas rodas: além do governo implantar um sistema de aluguel gratuito, ele também firmou convênio com 119 empresas, 28 ONGs e 8 universidades para que se estimulasse o uso de bikes entre empregados, colaboradores e alunos.
4) PORTLAND: A cidadefoi nomeada por diversas publicações norte-americanas como a cidade mais amigável para bicicletas. Na capital do estado de Oregon, 6% da população usa bikes diariamente. Essa é a maior porcentagem na América. Foi estimado em US$ 60 milhões o custo para implementar toda a infraestrutura para bicicletas na cidade — que conta com 510 km de ciclovias. Esse gasto equivale ao custo de construção de 1,6 km de via para carros.
Grupos feministas e organizações voltadas para público feminino aumentam cada vez mais em Portland
Políticas governamentais que orientaram crescimento do ciclismo em Portland começaram em 1973. Além disso, há vários programas governamentais para mulheres ciclistas, com workshops e encontros, como Women on Wheels, Sorella Forte e Let’s Race Bikes.
5) CIDADE DO MÉXICO : Uma das cidades que mais se assemelham à São Paulo em nível de industrialização e densidade demográfica tem apenas 57 quilômetros de ciclovias, mas a cidade pretende ampliar rede para 250 km até 2018. No entanto, a capital mexicana tem um trunfo na manga: o ECOBICI. Trata-se de sistema de bicicletas públicas compartilhadas, implantado em 2010. Desde então, a modalidade cresceu 200% e conta com mais de 3.600 bikes e 275 estações.
Uma das principais inovações do ECOBICi é que existe um seguro de acidentes pessoais para os usuários do sistema, que cobre gastos médicos e prevê indenizações em caso de acidentes. Todos os cadastrados são automaticamente portadores do seguro, que podem influenciar políticas públicas de segurança para cidades ao redor do mundo.
Matéria originalmente publicada no portal da Carta Maior

13 de jan. de 2015

ÍNDIA EMPREGA AGRICULTURA ECOLÓGICA PARA GANHAR DO TSUNAMI





De pé entre seus exuberantes arrozais verdes em Nagapatnam, um distrito costeiro no Estado indiano de Tamil Nadu, o produtor Ramajayam recorda como uma onda mudou toda sua vida. O tsunami asiático de 2004 arrasou seus cultivos e os de milhares de outros agricultores, na medida em que os enormes volumes de água salgada inundavam as terras férteis da região.
O desastre matou 6.065 pessoas em Nagapatnam, mais de 85% do total de mortos no Estado. Os agricultores que sobreviveram tiveram que recuperar seus campos, que em alguns lugares ficaram alagados mesmo estando a três quilômetros de distância do mar. As ondas arrasaram seus 24 mil hectares de cultivos.
A água salgada não retrocedeu e arruinou a colheita de arroz que estaria pronta para ser colhida 15 dias depois da catástrofe. Pequenos reservatórios que os camponeses cavaram com ajuda do governo se tornaram salinos, e a evaporação da água teve um “efeito corrosivo”, segundo os agricultores, que matou a matéria orgânica fundamental para futuras colheitas.
As terras de pequenos produtores como Ramajayam, não maiores do que cinco hectares, se tornaram salinas. Nem mesmo as árvores que resistiram ao embate do tsunami sobrevieram à inundação de sal, recordou Kumar, outro agricultor. “Estávamos acostumados aos desastres naturais, mas a nada como o tsunami”, afirmou Ramajayam.
O Estado e as organizações de assistência ofereceram meios de vida alternativos aos que foram prejudicados, mas os cerca de dez mil pequenos produtores afetados, que trabalham essas terras há gerações, não estavam dispostos a mudar de ocupação. Muitos ignoraram os informes técnicos alertando que a recuperação do solo poderia demorar dez anos, e plantaram sementes apenas um ano depois do tsunami. Mas nenhuma brotou.
Foi então que entraram em ação várias organizações não governamentais (ongs) e começou um período de renovação e regeneração de solos orgânicos que se converteu em um modelo para diversos lugares afetados pela mudança climática. Uma das primeiras dessas organizações a intervir foi o Movimento de Produtores Orgânicos de Tamil Nadu (TOFarM), que adotou o povoado de South Poigainallur como local para seu trabalho-piloto.
O primeiro passo foi medir a magnitude do dano. Quando foi confirmado que a terra era incultivável, a ong elaborou soluções adaptadas para cada propriedade que incluiu seleção de sementes e equipamentos baseados nas condições do solo e da topografia. Foram eliminados os depósitos de lama marinha, levantadas estruturas de contenção e os campos arados.
Foram abertas profundas faixas nas áreas, nas quais foram colocadas as árvores arrancadas pelo tsunami. Na medida em que estas se decompunham areavam o terreno. Também foram plantadas sementes de dhaincha, uma leguminosa conhecida pelo nome científico Sesbania bispinosa.
A dhaincha “é conhecida como doutora da terra, porque é um cultivo de adubo verde que cresce bem em solos salinos”, explicou M Revathi, o fundador da TOfarM. Quando as plantas dhaincha, ricas em nutrientes, floresceram após 45 dias, a terra foi novamente arada para soltá-la e abrir seus poros. A compostagem e o adubo agrícola foram acrescentados em etapas antes de semeadora. Hoje em dia, o processo é uma mostra da capacidade que têm as soluções orgânicas.
Os agricultores pobres de Tamil Nadu dependem da ajuda pública para subsistirem. Todo mês o Sistema de Distribuição Pública do Estado entrega três toneladas de arroz a mais de 20 milhões de pessoas. Por sua vez, o Estado compra as colheitas por um preço fixo que é muito inferior ao do mercado, embora garanta aos produtores uma renda estável.
Desta forma, os aproximadamente 13 mil pequenos agricultores do Estado ganham apenas o suficiente para cobrir suas necessidades mensais. E em lugares como Nagapatnam, onde as fontes de água doce ficam 25 metros abaixo do nível do solo, os que dependem da agricultura de seca têm uma grande desvantagem.
Quando o tsunami se apoderou da terra, muitos temiam que nunca se recuperariam. “A quantidade de micróbios na cabeça de um alfinete, que deveria ser quatro mil em terra boa, caiu para menos de 500 nesta região”, disse Dhanapal, um agricultor de Kilvelur, em Nagapatnam e diretor da Associação de Agricultores do Delta Cauvery. Mas a ajuda não estava longe.
O produtor S. Mahalingam tem uma plantação de arroz de pouco mais de três hectares perto de um canal em North Poigainallur, cujos cultivos foram arrasados pelo tsunami. Várias ongs, com apoio privado e de organismos humanitários, bombearam a água marinha dos campos de Mahalingam e distribuíram sementes gratuitamente enquanto o governo estatal perdoou sua dívida pendente por um empréstimo agrícola.
Além do esterco produzido pela granja, Mahalingam utiliza as folhas de diversas árvores autóctones com adubo verde. As chuvas posteriores também ajudaram a eliminar parte da salinidade. O produtor semeou variedades tradicionais de arroz resistentes ao sal, chamadas kuruvikar e kattukothalai. Em dois anos sua propriedade se recuperou, o que lhe permitiu continuar com o cultivo de arroz e verduras.
A ong Kudumbam, com sede em Trichy, inovou com outros métodos, como o gesso, para reabilitar as terras inundadas. O agricultor P. I. Manikkavasagam, por exemplo, recebeu ajuda da organização para recuperar seus dois hectares de terras. Recorrendo a uma prática milenar, cavou trincheiras e as encheu de folhas de palmeiras que crescem em abundância ao longo da costa. A Kudumbam fornece biofertilizantes, como fosfobactéria, azospirilum e acetobacter, cruciais para dar vida à terra alagada.
“A percepção geral é que a agricultura orgânica necessita anos para gerar bons resultados e renda. Mas, durante os trabalhos de reabilitação após o tsunami, demonstramos que em menos de um ano os métodos orgânicos podem dar melhores resultados do que os químicos”, ressaltou Revathi, da TOFarM. Envolverde/IPS

POUCA CHUVA NÃO RESOLVE CRISE HÍDRICA EM SÃO PAULO

A irregularidade das chuvas, com precipitações isoladas e passageiras acompanhadas de temporal, continua impedindo a recuperação dos reservatórios de abastecimento dos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo e de regiões próximas da capital paulista.
Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o volume de água armazenada no Sistema Cantareira caiu na segunda-feira (12) de 6,6% para 6,5%, depois de ficar estável sábado e domingo (10 e 11) passados. Nesse manancial, de onde é retirada água distribuída a 6,5 milhões de consumidores, o volume de chuva atingiu 49,2 milímetros (mm) nos dez dias corridos deste mês ante a média histórica de janeiro, que é 271,1mm.
É uma situação mais confortável do que a de igual período do ano passado, quando a região teve o verão mais seco de todos os tempos. Nos dez primeiros dias de janeiro de 2014, o acumulado de chuva alcançou apenas 22,7mm ante 58,5mm em 2013, 110 mm em 2012, 296mm em 2011 e 168,4mm em 2010.
De domingo (11) para segunda (12) houve queda também nos níveis de operação dos demais sistemas de abastecimento administrados pela Sabesp. No Alto Tietê, a queda foi de 11,4% para 11,3%; no Guarapiranga, de 39,5% para 39,2%, no Alto Cotia, de 30,3% para 30,2%; no Rio Grande, de 70,6% para 70,3%; e no Rio Claro, de 27,9% para 27,5%.
Para tentar evitar um colapso na distribuição de água, o governo do estado recorreu, na semana passada, à tarifa de contingência, que punirá quem consumir além do gasto médio do período entre fevereiro de 2013 e janeiro de 2014 . O consumidor que elevar o gasto em até 20% pagará um adicional de 40%. Acima de 20%, a conta será corrigida em 100%.
De acordo com as previsões do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, a tendência é de novas pancadas de chuva sempre no fim de tarde, tanto na região leste de São Paulo, onde fica a capital, quanto no sul de Minas Gerais, nas cabeceiras do Sistema Cantareira. 

9 de jan. de 2015

SÉRIE DE OFICINAS SOBRE AGRICULTURA SUSTENTÁVEL É ENCERRADA EM CANUDOS PELO CAERDES



Ontem (8), no Memorial Antônio Conselheiro em Canudos (BA), aconteceram as duas últimas oficinas de produção orgânica para pequenos agricultores promovida pelo CAERDES - Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável. A capacitação, que acontece desde o ano passado, contou com 10 oficinas e abordou diversos conteúdos ligados à agricultura sustentável, como: adubação verde, canais alternativos de comercialização, formulação de defensivos naturais, manejo ecológico do solo e da água, entre outros. O curso tem como objetivo a implantação de um grupo de produtores orgânicos em Canudos, visando a qualidade de vida dos agricultores, da comunidade e uma renda digna para as famílias do campo.

Um desses agricultores é Sebastião Rodrigues de Sousa (62), que nasceu no interior de Minas Gerais, morou 38 anos em São Paulo e está há 4 em Canudos. Na década de 70, quando ainda morava em Osasco (SP), ele chegou a trabalhar em uma indústria de químicos. Mas, por conta do incômodo que sentiu ao ter contato com um dos produtos, Sebastião só ficou 3 dias no emprego. Ele lembra, sem muitas saudades, da época. "Por mais que eu escovasse os dentes, o gosto amargo não saía da minha boca", conta.

"Quero que meus netos e bisnetos tenham qualidade de vida no futuro", afirma Sebastião.


 Ele também teve outros motivos para optar pela agricultura orgânica, um deles é a maior qualidade de vida. A produção orgânica me cativou no sentido do bem-estar. Quem consome produto orgânico, com certeza, vai ter muito mais saúde”, afirma.

Quem também participou da capacitação foi Lucio Conceição Santos, que diz estar muito satisfeito com o projeto. "A gente tinha um sonho de ter um grupo para trabalhar com produção orgânica, e esse sonho está sendo realizado”, fala. Ele também destaca a importância de levar adiante a agricultura sustentável na região, não só para ter uma fonte de renda digna, mas também para mostrar para as pessoas que essa possibilidade existe. "Não adianta dizer para os consumidores que é bom e não oferecer o produto para que eles possam comprar", expõe. 

A capacitação promovida pelo CAERDES tem apoio do CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa - e agora passará para a etapa de implantação do projeto, onde os primeiros passos para a criação do grupo de agricultores orgânicos serão tomados. O professor e agrônomo Jairton Fraga Araújo, coordenador do CAERDES e desse projeto, declara que a familiarização dessas pessoas com os princípios agroecológicos constituiu um passo fundamental para o futuro. "A gente não pode ter a pretensão de imaginar que essas pessoas já estão prontas com essas 10 oficinas. Não é assim, mas, elas foram familiarizadas com a linguagem da agroecologia", pondera.



Ele também destaca a relevância que foi enviar um documento para Miguel Rossetto, antigo ministro do Desenvolvimento Agrário e atual secretário-geral da presidência da República. "Ele se comprometeu em implementar o projeto de produção orgânica lá com os agricultores e no documento que nós fizemos, colocamos uma série de elementos fundamentais para que esse processo possa acontecer", declara.


Neste último dia de capacitação, os alunos participaram de uma dinâmica elaborada pelo professor Jairton e nela mostraram seus anseios de colocar em prática tudo o que aprenderam até aqui. O próximo passo, segundo o coordenador, é implementar uma unidade produção coletiva de frutas e hortaliças através de recursos do CNPq para que o grupo possa tomar os primeiros passos.

Texto e fotos: Mirielle Cajuhy
Estagiária em Assessoria de Comunicação

7 de jan. de 2015

AGROPECUÁRIA É A PRINCIPAL AMEAÇA PARA ESPÉCIES EM EXTINÇÃO



Fonte: ((o))Eco

A nova relação de espécies ameaçadas de extinção (clique aqui para ver a lista completa), divulgada na última semana de 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), aponta que a agropecuária é a principal ameaça para fauna em risco no Brasil.

Os dados apresentados pelo MMA ilustram um ciclo já conhecido por ambientalistas, em que florestas são substituídas primeiro por pastos, para, depois, darem lugar a plantações de monocultivo em latifúndios com uso intensivo de agrotóxicos e alto impacto ambiental. O avanço das fronteiras agrícolas acontece em todos os biomas terrestres com amplo financiamento de bancos públicos e privados, que, por vezes, desconsideram a varíavel ambiental ao conceder empréstimos e facilidades de financiamento.

O avanço da a pecuária na Amazônia, por exemplo, tem sido apoiado com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), que é gerenciado pelo Banco da Amazônia. Trata-se de fundo criado para promover o crescimento equilibrado da região, com o objetivo declarado de “atender às atividades produtivas de baixo impacto ambiental, cuja macrodiretriz é o desenvolvimento sustentável da Região Norte”.

Em todos os biomas terrestres, o avanço e intensificação da produção agropecuária são apontados como principal vetor para o risco de extinção, conforme é possível observar no gráfico divulgado pelo MMA e reproduzido abaixo:







O infográfico também traz informações significativas sobre outras ameaças graves ao meio ambiente. No bioma Marinho, na Amazônia e no Pantanal, a captura é fator de grave risco para a fauna. No Cerrado e no Pampa, ela fica praticamente junto com as queimadas, comuns na limpeza de terreno para abertura de pastos. Na Mata Atlântica e em Ilhas, a expansão urbana assume papel de destaque. Na Caatinga, o destaque é para a mineração.

Além da divisão de vetores de risco por biomas, a divulgação do MMA também apresenta o número de espécies ameaçadas, conforme é possível observar no infográfico abaixo (clique aqui para ver todas as espécies). A quantidade aumentou significativamente de 2003 para 2014, mas isso se justifica também pelo fato de mais espécies terem sido analisadas nesta edição.


6 de jan. de 2015

ONU E FAO DECLARAM 2015 ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

Fonte: Eco21



A América Latina e o Caribe têm as maiores reservas de terras cultiváveis do mundo, por isso o cuidado e a preservação dos solos são fundamentais para que a região alcance sua meta de erradicar a fome; os solos são de enorme importância para a produção mundial de alimentos, mas não prestamos suficiente atenção neste "aliado silencioso", disse o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva durante o lançamento do Ano Internacional dos Solos 2015 (AIS). 

A FAO é a responsável pela implementação do AIS 2015 no âmbito da Aliança Mundial pelo Solo e em colaboração com os governos e a Secretaria da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação (UNCCD). 

De acordo com a FAO, os solos saudáveis estão na base da agricultura familiar, na produção de alimentos e na luta contra a fome e, ainda, cumprem um papel como reservatórios da biodiversidade. Além disso, compõem o ciclo de carbono, por isso que o seu cuidado é necessário para mitigar e enfrentar as mudanças climáticas. “É essencial manter um equilíbrio cuidadoso entre a necessidade de preservar os nossos recursos naturais e expandir a nossa produção de alimentos. 

O Ano dos Solos visa gerar esta consciência”, explicou Eve Crowley, Representante Regional Adjunta da FAO, que destacou que no dia 5 de Dezembro deste ano se comemora o primeiro Dia Mundial dos Solos. 

Degradação perigosa


Apesar de sua grande importância, a saúde dos solos enfrenta constantes e crescentes desafios. 33% das terras do Planeta estão degradadas, seja por razões físicas, químicas ou biológicas, o que é evidenciado em uma redução da cobertura vegetal, na diminuição da fertilidade, na contaminação do solo e da água e, devido a isso, no empobrecimento das colheitas. “O fato de que o solo não é um recurso renovável faz com que a sua preservação seja um desafio ainda mais urgente: um centímetro de solo pode levar milhares de anos para ser formado e este mesmo centímetro pode ser destruído em somente alguns minutos por uma degradação devido ao manejo incorreto”, explicou Crowley. 


14% da degradação mundial ocorrem na América Latina e no Caribe. Esta situação é ainda mais grave na Mesoamérica, onde 26% das terras são afetadas. Já na América do Sul, afeta 14% das terras. Quatro países da região têm mais de 40% de suas terras degradadas e em 14 países a degradação afeta entre 20% e 40% do território nacional. A degradação dos solos tem um impacto negativo em muitas de suas funções como na produção de alimentos e na prestação de serviços ecossistêmicos e suas principais causas incluem a erosão hídrica, a aplicação intensa de agrotóxicos e o desmatamento. 


A degradação também está associada com a pobreza: 40% das terras mais degradadas do mundo estão em zonas com altos índices de pobreza. Os agricultores pobres têm menos acesso a terra e à água, trabalham em solos pobres e com uma alta vulnerabilidade à degradação. 

Crescimento da agricultura

De 1961 a 2011, a superfície agrícola na América Latina e o Caribe aumentou de 561 para 741 milhões de hectares, com uma maior expansão na América do Sul, que cresceu de 441 para 607 milhões de ha. Cerca de 47% das terras cultiváveis da região estão cobertas por florestas, porém, este número está diminuindo como resultado da expansão da fronteira agrícola. Mundialmente, 12% das terras são utilizadas para cultivos agrícolas (1,6 bilhões de ha); 28% (3,7 bilhões de ha) correspondem a florestas; e 35% (4,6 bilhões de ha) correspondem a pastagens e outros sistemas florestais. 


Durante o ano de 2015, a FAO trabalhará com os governos, as organizações da sociedade civil, o setor privado e todas as partes interessadas para alcançar o total reconhecimento das importantes contribuições dos solos para a segurança alimentar, a adaptação às mudanças climáticas, os serviços essenciais dos ecossistemas, a mitigação da pobreza e o desenvolvimento sustentável.