31 de ago. de 2015

Três forças que transformam o mundo


Maurício Antônio Lopes
Presidente da Embrapa
A Revolução Industrial do final do século 18 e início do século 19 foi uma força que transformou o mundo. Na produção, mãos foram substituídas por máquinas, métodos e processos evoluíram com ganhos de eficiência no uso da energia e de insumos, criando uma enorme gama de novos produtos e facilidades para as pessoas. A Revolução Industrial foi um divisor de águas na história e desde então o mundo experimentou um progresso sem precedentes. A pobreza absoluta, que há duzentos anos, penalizava 94% da população mundial, reduziu-se para cerca de 14% da humanidade.
Talvez o mundo esteja passando por uma transição ainda mais dramática, em razão de três forças que operam em velocidade e intensidade muito superior àquelas que produziram a Revolução Industrial. Urbanização acelerada, aumento da frequência de eventos climáticos extremos e avanços expressivos no desenvolvimento científico e tecnológico ocorrem como ondas em sinergia. São forças capazes de amplificar umas às outras, ganhando magnitude e maior poder de influência, com transformações substantivas na vida da sociedade.
A primeira força vem do crescimento das cidades, que têm incorporado, em âmbito global, uma média de 65 milhões de pessoas anualmente, nas últimas três décadas. Isso equivale a criar quase seis cidades de São Paulo a cada ano. Segundo a ONU, em 2010 a população urbana no mundo pela primeira vez ultrapassou a população rural. Até 2030, espera-se que cerca de 60% da população mundial esteja vivendo em áreas urbanas. No Brasil, em 2010, dos 191 milhões de brasileiros, apenas 29,8 milhões (15,6%) estavam no meio rural.  Em 2030, projeta-se que 90% estarão nas cidades.
A segunda força, as mudanças climáticas globais, indica que o modelo de desenvolvimento dependente de recursos não renováveis que, ao longo de décadas, elevou os níveis de poluição e a emissão de gases de efeito estufa a patamares perigosos, chegou a seu limite. Mudanças de clima e os anseios da sociedade por um futuro sustentável forçam a busca de um novo paradigma energético e de novas possibilidades de produção, com práticas mais limpas e substituição de matérias-primas de origem fóssil por recursos de base biológica, recicláveis e renováveis. Em um mundo pós-combustível fóssil, uma crescente proporção de químicos, plásticos, têxteis, eletricidade e combustíveis terá de vir de outras fontes, e não mais do petróleo.
A terceira força vem da profunda alteração no escopo, escala e impacto econômico do desenvolvimento tecnológico. Ruptura marcada pelo avanço cada vez mais rápido do conhecimento e pela dissolução dos limites entre as ciências tradicionais como a física, a química e a biologia. Os avanços da tecnologia da informação e a transformação digital produzem uma espécie de fertilização cruzada entre vários domínios científicos, com geração de novos conhecimentos e produção de bens e serviços antes impossíveis de se obter. Muitos deles incorporados pela sociedade em ritmo alucinante. Há vinte anos, menos de 3% das pessoas tinham um telefone celular. Hoje, dois terços dos habitantes do planeta têm pelo menos um.
Da sinergia entre estas três forças – urbanização, clima e tecnologia – surgirão muitos desafios e oportunidades, além de mudanças radicais no comportamento da sociedade. Com o avanço do progresso e das mudanças demográficas, o futuro nos promete, além de cidades mais populosas, pessoas mais idosas, mais educadas e mais exigentes. Os desafios de gerir megacidades e as preocupações com o equilíbrio ambiental já colocaram a sustentabilidade no topo da agenda da sociedade.  E a intensificação dos fluxos de capital, informações e pessoas, em todos os cantos do planeta, vai criar um novo ciclo de globalização, mais dinâmico, volátil e também mais imprevisível.
As assimetrias tenderão a crescer. Em duas décadas, a região da Ásia-Pacífico concentrará cerca de 60% da classe média mundial. Ali haverá uma escalada de demanda por leite, carne, ovos, peixes, frutas, verduras e legumes. O aumento da demanda por alimentos, em quantidade, qualidade e diversidade, em regiões onde é baixa a disponibilidade de áreas agricultáveis é uma grande preocupação para o futuro.  Além de provedores confiáveis em várias partes do mundo, a Ásia necessitará de um sistema de comércio complexo e intrincado, com ramificações em muitos continentes. Uma grande oportunidade para o Brasil, do qual se espera protagonismo crescente e qualificado na produção de alimentos.
O fato é que a força das mudanças em curso provocará uma elevação da complexidade em praticamente todos os processos do mundo moderno, exigindo de indivíduos, empresas e governos a compreensão de que estamos imersos em um verdadeiro "sistema de sistemas", com interfaces nas dimensões econômica, social, ambiental e política. A redução dos riscos, das incertezas e da ineficiência dos muitos processos que movem a sociedade só será alcançada com planejamento eficiente e continuada ampliação da nossa capacidade de integrar e gerir sistemas complexos. Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, refletindo sobre esta realidade afirmou que "neste novo mundo não é o peixe grande que come o peixe pequeno; é o peixe rápido que come o peixe lento".
Artigo publicado na edição do dia 9 de agosto de 2015 do jornal Correio Braziliense
Artigo disponivel em: https://www.embrapa.br/web/portal/busca-de-noticias/-/noticia/4250066/artigo---tres-forcas-que-transformam-o-mundo 

28 de ago. de 2015

Chapada Diamantina se especializa na produção de alimentos orgânicos

Por Verusa Pinho e Caiã Pires



Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil já ocupa posição de destaque na produção mundial de orgânicos. Com alimentos de melhor qualidade e, consequentemente, mais nutritivos, esse sistema de cultivo tem sido a melhor opção para garantir a preservação do equilíbrio ambiental e a saúde de produtores e consumidores. Dispensando o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e transgênicos, a agricultura orgânica prioriza a redução do desperdício e ajuda a manter a biodiversidade.
Fazenda Ceral, uma das áreas da Bioenergia Orgânicos
Fazenda Ceral, uma das áreas da Bioenergia Orgânicos
Diante desse cenário promissor, as condições climáticas favoráveis e os recursos hídricos disponíveis fizeram a Chapada Diamantina ser a região escolhida para se tornar um grande polo na produção de fruticultura tropical orgânica. Desde 2009, uma das suas famosas cidades turísticas, Lençóis, conhecida internacionalmente pela rica história e belezas naturais, tornou-se a sede daBioenergia Orgânicos, empresa brasileira que pretende implantar um grande complexo industrial na região.
“Idealizamos a Bioenergia há dez anos, visando à área do agronegócio, e decidimos que seria através da agricultura orgânica. Pesquisamos todos os estados, chegamos à Bahia e à Chapada Diamantina. A pesquisa se iniciou em 2006 e, três anos depois, instalamos a empresa em Lençóis, lugar que oferece todas as condições exigidas pelo projeto: áreas virgens, reserva pra servir de cortina natural, clima adequado, água e mão de obra sem o vício da agricultura convencional – com destaque para a participação de trabalhadores das comunidades quilombolas de Una e Remanso. Desde 2010, contamos com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Mandioca e Fruticultura, que assessora nossas atividades com pesquisa e tecnologia”, explica Osvaldo Araújo, ao lado do sócio Evanilson Montenegro, responsáveis pelo projeto.
Antes de começar a colher os primeiros frutos, foi preciso preparar o terreno. “Primeiramente, plantamos a alimentação do gado, para aproveitar o esterco como adubo. Além de espécies típicas, a exemplo da manga-espada, recebemos mudas elaboradas pela Embrapa, com bom desempenho no sistema orgânico de cultivo, como resistência a algumas pragas e doenças. Dentre as variedades, estão manga, maracujá, abacaxi, acerola e goiaba. Hoje dispomos de frutas exóticas funcionais, como a jabuticaba, que está sendo desenvolvida junto com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Neste ano, vendemos os primeiros abacaxis para localidades da própria Chapada e até para São Paulo, recebendo elogios pela qualidade do produto. Agora iremos buscar a certificação, pois já temos um plano de produção consistente”, acrescenta Araújo.
Fruto do Maracujá
Na fase experimental, o próximo passo é envolver os agricultores familiares, através das cooperativas e associações. “A nossa pretensão é formar parcerias produtivas, oferecendo o suporte técnico e garantindo a compra em contrato. A meta é estabelecer produção própria de 1.400 hectares e comprar a produção de outros 1.400ha dos agricultores regionais”, descreve Araújo. No distrito de Tanquinho, a empresa irá implantar um grande complexo industrial, para abrigar a diversidade produtiva da Chapada. “Inicialmente pensamos na fabricação de sucos, mas nossa intenção é aproveitar tudo para não gerar resíduo. Em virtude da qualidade dos frutos, decidimos comercializá-los in natura, ao lado da produção de polpa. Almejamos adentrar na área medicinal e estética também, com a extração de óleos essenciais (alguns países já nos procuraram, solicitando preferência na venda). Esperamos alavancar o desenvolvimento do setor na região, abrangendo diversos municípios, como Andaraí, Mucugê e Iraquara. Queremos tornar a Chapada Diamantina especialista em orgânicos. Produzir alimentos saudáveis é o futuro!”, pontua o empresário.
Dia de Campo
Troca de experiências no 1º Dia de Campo realizado pela empresa
Troca de experiências no 1º Dia de Campo realizado pela empresa
Rodeadas pelo Rio Santo Antônio e o minipantanal Marimbus, três áreas compõem o espaço da Bioenergia: as fazendas Bonita, Grama e Ceral. Esta última, localizada na estrada do Remanso, foi destinada à produção experimental e recebeu, no dia 15/08/2015, representantes do governo, agricultores, técnicos, engenheiros e profissionais de diferentes campos interessados no tema, durante o 1º Dia de Campo realizado pelo projeto. Na ocasião, pesquisadores e engenheiros da Embrapa explicaram os detalhes das principais práticas no cultivo de abacaxi, manga e maracujá orgânicos, que demandam maior cuidado, como a produção de mudas sadias pela técnica de seccionamento do talo.
Demonstração sobre o plantio de abacaxi orgânico
Demonstração sobre o plantio de abacaxi orgânico
Para o jornalista e proprietário rural em Lençóis, João Neiva, o Dia de Campo foi uma oportunidade de aprofundar os conhecimentos no assunto. “Na nossa comunidade [Riachãozinho], a consciência sobre o orgânico está em evidência. Todo mundo só fala nisso! Pretendemos investir no plantio de manga e café orgânicos”, comentou.
Lorena Coelho, a Lila, do Grupo Ambientalista de Lençóis (GAL), esteve no evento e enfatizou a importância das ações sustentáveis. “No GAL, produzimos hortaliças para consumo próprio, plantas medicinais e frutíferas, inspirados pela agroecologia. Com a Bioenergia, pretendemos trocar informações e firmar parcerias”, disse.
Com foco no cultivo de café orgânico em Seabra, Piatã e Ibicoara, a Cooperativa dos Produtores Orgânicos e Biodinâmicos da Chapada Diamantina (CooperBIO) marcou presença no Dia de Campo. Na opinião de Seu Edilson Lopes, integrante do grupo, foi uma maneira de aprender com os estudiosos e ficar por dentro das novidades.
Kling Dantas, agrônomo e gerente comercial da Meri Pobo Agropecuária, de Jaguaruana (CE), veio para a Chapada só para participar do evento. “Há 15 dias, vim conhecer a Embrapa, em Cruz das Almas. Foi quando soube da atividade em Lençóis e me interessei. Na nossa propriedade, estamos começando o cultivo de orgânicos e precisamos conhecer os aspectos dessa produção. A Chapada Diamantina é uma região fantástica!”, contou Dantas

Orgânicos Premiados
Mel, cachaça e café se destacam entre os produtos orgânicos da Chapada Diamantina, premiados e reconhecidos internacionalmente pela sua qualidade. Com certificação orgânica e biodinâmica, a Cachaça Serra das Almas, produzida na Fazenda Vaccaro, em Rio de Contas, foi eleita a melhor cachaça prata do país pela revista VIP em 2011. O mel Flor Nativafabricado de forma coletiva por integrantes da Associação de Apicultura e Meliponicultura do Vale do Capão, em Palmeiras, tem certificação orgânica e já foi premiado como o melhor nos Congressos Baianos de Apicultura em 2005, 2012 e 2013, e, em 2009, no Congresso Nordestino de Apicultura. A Chapada ainda tem história com o café, exportado até para o Vaticano.
Retirado originalmente de: Guia chapada diamantina
Fotos: Caiã Pires
link para a matéria: http://www.guiachapadadiamantina.com.br/chapada-diamantina-se-especializa-na-producao-de-alimentos-organicos/

20 de ago. de 2015

Rede Pró-vida agora passa a se chamar Rede Via Natural

Por: Augusto Jackson 


Anteriormente conhecida como Rede Pró-Vida, agora passa a chamar-se REDE VIA NATURAL, constituída por associações de agricultores orgânicos, organizações não governamentais (ONGs), empresas privadas e públicas além de instituições de ensino, pesquisa e fomento da região do Vale do São Francisco, estiveram reunidos no Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável – CAERDES, unidade da Universidade do Estado da Bahia, no último dia 19 de agosto para discutir a organização do  I ENCONTRO DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA E ORGÂNICA DO VALE DO SÃO FRANCISCO como atividade preparatória  para o “I Encontro sobre saúde, produção orgânica e consumo consciente – O que está no seu prato?” que ocorrerá em março/2016.


O evento acontecerá nos dias 29 e 30 de outubro de 2015 e debaterá produção orgânica e terapias naturais para a saúde. Por meio de palestras, oficinas e debates sobre saúde, produção orgânica e uma boa alimentação, o foco do evento é abrir discussão sobre os conhecimentos necessários a ampliação dessas atividades para toda a região do Vale do São Francisco, com  circulação de informações tanto pelo público quanto pelos palestrantes. Em breve será divulgada toda a programação e como as pessoas poderão inscrever-se no evento. 

Programa Globo Repórter exibido no dia 14.08.2015 com tema produção orgânica.

Programa Globo Repórter exibido no dia 14.08.2015 com tema produção orgânica. 

CAERDES: Reportagem da TV São Francisco Sobre Produção Orgânica e Agroecologica. Juazeiro-BA 12 - 08 - 2015

CAERDES: Reportagem da TV São Francisco Sobre Produção Orgânica e Agroecologica. Juazeiro-BA 12 - 08 - 2015

17 de ago. de 2015

Os Des(caminhos) da moderna agricultura

Por: Jairton Fraga  Araújo
Coordenador do Caerdes

Desde que a agricultura surgiu na terra, há cerca de 10.000 anos atrás, a vida no meio rural vem sendo paulatinamente alterada, como resultado dos “avanços” obtidos pela ciência e  pela tecnologia na busca incessante por uma vida material, mais confortável sob todos os aspectos, inclusive, o do prolongamento da vida como resultado das técnicas, produtos e serviços desenvolvidos pela inteligência humana. Entretanto, tais conquistas sempre foram contaminadas pelo objetivo do ganho econômico financeiro de curto e médio prazos.

Não podemos tecer críticas sinceras ao ganho econômico se não forem, precedidas de preocupação com os bens e valores maiores – a vida, a saúde, o alimento e a espiritualidade, por fim o bem estar humano! Como vamos construir uma sociedade espiritualizada sem submetermo-nos  às conquistas materiais, ao crivo da razão?  Assim o advento da revolução industrial, trouxe importantes conquistas, mas não é menos verdade, que também trouxe muitas externalidades negativas.

Não é necessariamente o aumento populacional e a fome, que justificam o modelo de produção agrícola em larga escala. Tal argumento tem sido empregado como sofisma, e esconde a lógica exclusiva do “ganho pelo ganho”. Pois a fome prossegue e mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, seguem se alimentando muito mal, enquanto países como o Brasil, bate recordes sobre recordes de produção de grãos ( em 2015, foram 220 milhões de toneladas). Se o modelo industrial adotado, objetiva ampliar a oferta de alimentos no planeta, como  se justifica, a fome e a morte de pessoas pela falta de alimentos?

Como explicar que as vacas leiteiras na Europa e nos Estados Unidos se alimentem mais e melhor, que 1 bilhão de pessoas? Como explicar que o advento da tecnologia dos transgênicos ampliou no Brasil o consumo de agrotóxicos quando nos foi apresentado esta tecnologia como responsável pela redução dos mesmos. Falácia, sofisma, mentira, jogo de interesse econômico. Por trás dessa indústria, está um modelo que ignora a primazia da “vida sobre o lucro”. Uma mentira final, não poderíamos formar estoque alimentar para os períodos de crises climáticas ou quaisquer hecatombes, com um modelo de produção agrícola que não privilegiasse as altas produtividade. Que mentira! Essa mesma lógica que governos e empresas tentam, mistificar! Mas não explica como as melhores variedades de milho, arroz, trigo, etc, simplesmente desapareceram dos círculos rurais, e em seu lugar vicejou a cultura do comprar a “semente programada" tida como moderna, produtiva. homogênea, eliminando muitas vezes, materiais nativos com enorme  variabilidade gênica e por certo, com características únicas para programas de melhoramento genético clássicos.
Ressurgem com muita intensidade nos séculos XX e inicio do XXI às muitas agriculturas: orgânicas, biodinâmica, natural, regenerativa, alternativa, agroecológica, permacultura e biológica anunciando não o final da historia, pelo contrario, que a historia continua sendo escrita pelos agricultores tradicionais (índios, quilombolas, agricultores descendentes de europeus, pequenos empresários rurais e mais recentemente até  grandes empresários rurais com preocupação sócio-ambiental ). Diferentes modelos e formas, como é à vida, diversa! Mas com um traço em comum, resgatando valores e técnicas e um modo de produção que privilegia as pessoas, a vida e a saúde da espaçonave terra, que veio sem manual de instrução e nós, seus tripulante temos o dever de conduzi-la para um futuro de luz.




 

13 de ago. de 2015

CAERDES realiza palestras no município de Tanquinho-BA.

Por: Augusto Jackson 


Agricultura orgânica pratica a produção agrícola sustentável com o objetivo de promover e proteger o meio ambiente (ecossistemas) e a biodiversidade e também contribuir para a redução de custos. Assim, a agricultura orgânica preconiza o uso de práticas de manejo naturais em oposição ao uso de agrotóxicos, transgênicos e adubos químicos na agricultura. Considerando essas praticas o Consórcio Portal do Sertão, que integra 14 municípios da região de Feira de Santana, convidou o professor Jairton Fraga de Araújo, e coordenador do Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (CAERDES) para proferir uma palestra no município de Tanquinho-Ba, sobre “a produção orgânica e agroecológica de alimentos”, direcionada para agricultores familiares.


A palestra aconteceu na ultima quarta-feira (12) no auditório da Câmara de Vereadores de Tanquinho, onde os pequenos agricultores  demonstraram interesse pelo assunto e no desenvolvimento dessas atividades em suas propriedades.  Para umas das organizadoras do evento, Vivian Ramalho, bióloga e técnica de campo em Tanquinho, o motivo para a organização do evento, foi a necessidade de levar aos agricultores informações e conhecimentos, específicos que tinha obtido com o citado professor, em outra palestra que aconteceu em Juazeiro-Ba. “Participei de um intercambio em Juazeiro, em que o professor Jairton ministrava uma palestra, e ali viu, que o CAERDES dispunha de informações muito proveitosas e de grande valia para serem  repassadas  aos agricultores de Tanquinho” Afirma Vivian.

A prática da agricultura orgânica requer  mão-de-obra, assalariada ou familiar. E por isso é   uma  opção importante para o  meio rural, com a vantagem adicional de preservar a saúde do trabalhador  e não causar danos ao ambiente. Além do que, esses agricultores reduzem bastante o custo de suas produções, sejam elas para consumo próprio ou para comercialização do excedente. Entre os temas da palestra - a produção de compostagem e biofertilizantes, que podem ser produzidos a partir de recursos gerados nas propriedades, tais como: podas de plantas, resíduos de frutas, legumes, cinzas, entres outros materiais orgânicos, receberam na palestra atenção especial pelo fato de poderem ser utilizados como matérias primas para produção dos adubos orgânicos.



Para a agricultora Noêmia de Jesus Silva, a palestra foi de extrema importância, pois ela pôde absorver conhecimentos, que antes eram desconhecidos por ela.  Noêmia diz, “pude aprender como realmente adubar a terra, e a produzir de uma maneira saudável” ela ainda finaliza dizendo: que pretende colocar em prática tudo  que aprendeu, para poder ter uma renda melhor. Maria das Graças,  também agricultura, diz que ficou surpresa de como pode se utilizar os próprios recursos da propriedade para obter uma boa produção, e que é importante saber utilizar e produzir com os  recursos existentes na própria área.



7 de ago. de 2015

Podemos coexistir? A busca por uma ciência espiritualizada


Por: Jairton Fraga  Araújo
Coordenador do Caerdes



Séculos após o iluminismo, a civilização começa a perceber a profusão de equívocos cometidos quotidianamente em sua incessante tentativa de subjugar a natureza do planeta e a essência humana.  De aliados e sócios no porvir, ao valor monetário estabelecido a objetos, propriedades e pessoas, construirmos relações vazias e com des(valor) ético-moral .

Pouco a pouco a humanidade da-se conta de que  necessita de novos valores que constituam a base axiológica de uma nova cultura, talvez como diz o Profº Sérgio Mascarenhas, Catedrático da Universidade de São Paulo (USP), uma “terceira cultura”, a da convergência entre os saberes da humanidade e das artes, da ciência e da tecnologia.


Talvez comecemos a perceber, por exemplo, que a vida se expressa por ciclos, estações e ritmos. E por isso, há um tempo, para tudo, o “tempo do próprio tempo”. Saber, portanto, ouvir, esperar e respeitar numa sinfonia cuja escuta é sensível.

Ken Wilber, criador do movimento integral, descreve como evoluímos de nômades caçadores a agricultores, e depois passamos da revolução industrial pós-industrial e a informática, chegando a próxima transição: a era da CONSCIÊNCIA.  É isso, a tomada de consciência é um movimento integral, definitivo e irreversível, que impactará a vida, suas relações e os modos de produção econômica.

Nesta perspectiva, a vida é uma escuta sensível, pois se localiza no  cerne e na periferia ao mesmo tempo, desse momento transicional intrigante. Entender a vida como bem maior e todo o resto, como conquista civilizatória superveniente ao caminhar da humanidade com responsabilidade. Estamos todos doentes, em nossas indefinições, imprecisões e vicissitudes, sequer compreendemos nossa própria natureza, como espíritos famélicos.

Procuramos respostas no mundo exterior e nunca consultamos à própria  consciência, que por sua vez, reflete a comunicação da responsabilidade individual pela saúde do planeta terra. A espaçonave terra, veio sem manual de instrução, nos assevera R. Buckminster Fuller, nós, portanto, temos que pilotá-la com nossas limitadas percepções intelectuais e nossa despudorada tendência a dominar, como idealizou Francis Bacon, que defendia que com o conhecimento cientifico poderíamos exercer controle sobre a natureza. Tal ciência materialista não é verdadeira, pois ignora o “espírito do tempo” que se manifesta na essência das coisas, assim nos revela a física quântica afirmando que o universo carrega em si um elemento psicoespiritual  e uma  dimensão físico-material. Por isso, Thomas Berry, em “o Sonho da Terra” sustenta  que a nova história que já está sendo escrita, vai cada vez mais se desenvolver onde a ciência e a espiritualidade possam coexistir e pessoas, linguagens e valores possam emergir, reeditando o sonho do ser integral.


5 de ago. de 2015

Produção de biofertilizantes de forma simples e econômica

Por: Augusto Jackson 

Desenvolver tecnologia para uma agricultura sustentável, mantendo o distanciamento de insumos sintéticos como adubos e agrotóxicos e fomentando o uso de fontes orgânicas ou organismos-minerais naturais.  Esse é um dos maiores objetivos do Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável (CAERDES) do Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) de Juazeiro, que realiza uma demanda de pesquisas, e obtém informações para a correta produção de alimentos em sistemas orgânicos.

Um dos desafios para a agricultura sustentável tecnologias  é desenvolver um método de Produção que possam produzir alimentos em  grandes quantidades  e com boa  qualidade, sem agredir o planeta. A cada momento, os consumidores e agricultores percebem a importância e a necessidade de produzir e consumir alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos, por exemplo.

No CAERDES, essas alternativas naturais existem e uma delas é a produção de biofertilizantes. O biofertilizante é um adubo orgânico líquido produzido em meio aeróbico ou anaeróbico a partir de uma mistura de materiais orgânicos (esterco, frutas, leite), minerais (macro e micronutrientes) e água. A estudante do Curso Técnico em Agricultura do Centro Territorial de Educação Profissional do Sertão do São Francisco - CETEP e estagiária do CAERDES Roseane Galdino explica que esta fazendo um biofertilizante à base de esterco, melaço de cana, água, e restos de frutas “esta mistura tem que ficar acondicionada em um recipiente até fermentar, e ficar com condições para uso nos cultivos orgânicos”

A estudante explica também que a produção de biofertilizantes é uma contribuição para aproveitamento de resíduos orgânicos gerados em propriedades. No entanto, torna-se necessário que este processo seja utilizado com eficiência, de maneira que a qualidade do insumo obtido possa proporcionar ao sistema aportes adequados de nutrientes e de agentes biológicos do solo para o desenvolvimento equilibrado das plantas

Roseane afirma que é importante utilizar as dosagens certas para a aplicação de biofertilizantes nas plantas.  “A aplicação do produto tem que ser de acordo com a necessidade da planta, porque assim como os produtos químicos, o biofertilizante  utilizado inadequadamente pode ocasionar danos nos vegetais ”. Finalizou ela.

O coordenador do CAERDES, professor Jairton Fraga Araújo, explica que uma das grandes vantagens de produzir e utilizar este produto, é a  redução de custos “ aspecto fundamental para viabilizar a agricultura orgânica, pois  através da eliminação do uso dos fertilizantes químicos pode-se obter um alimento a um preço menor” ressalta o coordenador.  Prossegue afirmando, que dá para fazer o produto com as matérias geradas na própria propriedade  como: restos de podas, palhas e restos de frutas. “Os biofertilizantes podem ser  aplicados via foliar auxiliando no controle de  insetos, pragas e doenças. De modo geral o biofertilizante  tem um efeito nutricional, aumentando  a atividade vegetal,” destacou.


O professor explica que o biofertilizante alimenta e protege a planta, pois se a ela  estiver bem nutrida e tratada, consegue se proteger dos ataques de microorganismos: fungos, insetos, bactérias etc.“Ele ajuda a melhorar  microbiologia do solo, aumentando a população de microorganismos do solo, disponibilizando nutrientes e aumentando os níveis de produtividade”. Finalizou. 

4 de ago. de 2015

Lâmpada criada por engenheira precisa de apenas água com sal para iluminar



Mais de 1,3 bilhão de pessoas vivem sem energia elétrica em todo o mundo, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Como se não bastasse esse dado alarmante, ainda há mais de 670 milhões de lâmpadas alimentadas por querosene - que além de caras, representam riscos tanto à saúde humana como ao meio ambiente de forma geral, devido à poluição atmosférica.

Ao pensar nisso, a engenheira Aisa Mijena desenvolveu uma fonte de luz de baixo custo, que precisa de apenas um copo d’água e duas colheres de sopa de sal – dosagem que garante oito horas de luz.

A The SALt Lamp, como foi batizada, também funciona com a água do mar. Seus eletrodos podem trabalhar durante um ano inteiro sem precisarem ser substituídos. Essa fonte econômica e segura (não provoca incêndios, por exemplo) é também uma ótima alternativa para crises de energia elétrica.

Funciona assim: as células galvânicas, que convertem a energia química em energia elétrica, alteram os eletrólitos e geram assim uma solução não tóxica. Lançada recentemente nas Filipinas, a The SALt Lamp será comercializada em breve para todos os tipos de consumidores. A pré-venda já se encontra disponível no site da companhia, onde é possível conhecer outros produtos ambientalmente responsáveis, como um carregador de dispositivos eletrônicos portáteis.