Por: Jairton Fraga Araújo
Coordenador do Caerdes
Desde que a agricultura surgiu na terra, há cerca de 10.000 anos atrás,
a vida no meio rural vem sendo paulatinamente alterada, como resultado dos
“avanços” obtidos pela ciência e pela tecnologia na busca incessante por
uma vida material, mais confortável sob todos os aspectos, inclusive, o do
prolongamento da vida como resultado das técnicas, produtos e serviços
desenvolvidos pela inteligência humana. Entretanto, tais conquistas sempre
foram contaminadas pelo objetivo do ganho econômico financeiro de curto e médio
prazos.
Não podemos tecer críticas sinceras ao ganho econômico se não forem, precedidas de preocupação com os bens e valores maiores – a vida, a saúde, o alimento e a espiritualidade, por fim o bem estar humano! Como vamos construir uma sociedade espiritualizada sem submetermo-nos às conquistas materiais, ao crivo da razão? Assim o advento da revolução industrial, trouxe importantes conquistas, mas não é menos verdade, que também trouxe muitas externalidades negativas.
Não é necessariamente o aumento populacional e a fome, que justificam o
modelo de produção agrícola em larga escala. Tal argumento tem sido empregado
como sofisma, e esconde a lógica exclusiva do “ganho pelo ganho”. Pois a fome
prossegue e mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, seguem se alimentando muito
mal, enquanto países como o Brasil, bate recordes sobre recordes de produção de
grãos ( em 2015, foram 220 milhões de toneladas). Se o modelo industrial adotado,
objetiva ampliar a oferta de alimentos no planeta, como se justifica, a fome
e a morte de pessoas pela falta de alimentos?
Como explicar que as vacas leiteiras na Europa e nos Estados Unidos se
alimentem mais e melhor, que 1 bilhão de pessoas? Como explicar que o advento
da tecnologia dos transgênicos ampliou no Brasil o consumo de agrotóxicos
quando nos foi apresentado esta tecnologia como responsável pela redução dos mesmos. Falácia, sofisma, mentira, jogo de interesse econômico. Por trás dessa indústria, está um modelo que ignora a primazia
da “vida sobre o lucro”. Uma mentira final, não poderíamos formar estoque
alimentar para os períodos de crises climáticas ou quaisquer hecatombes, com um
modelo de produção agrícola que não privilegiasse as altas produtividade. Que
mentira! Essa mesma lógica que governos e empresas tentam, mistificar! Mas não
explica como as melhores variedades de milho, arroz, trigo, etc, simplesmente
desapareceram dos círculos rurais, e em seu lugar vicejou a cultura do comprar
a “semente programada" tida como moderna, produtiva. homogênea, eliminando muitas vezes,
materiais nativos com enorme variabilidade gênica e por certo, com
características únicas para programas de melhoramento genético clássicos.
Ressurgem com
muita intensidade nos séculos XX e inicio do XXI às muitas agriculturas:
orgânicas, biodinâmica, natural, regenerativa, alternativa, agroecológica, permacultura e biológica anunciando não o final da historia, pelo
contrario, que a historia continua sendo escrita pelos agricultores
tradicionais (índios, quilombolas, agricultores descendentes de europeus,
pequenos empresários rurais e mais recentemente até grandes empresários
rurais com preocupação sócio-ambiental ). Diferentes modelos e formas, como é à
vida, diversa! Mas com um traço em comum, resgatando valores e técnicas e um
modo de produção que privilegia as pessoas, a vida e a saúde da espaçonave
terra, que veio sem manual de instrução e nós, seus tripulante temos o dever de
conduzi-la para um futuro de luz.
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