17 de ago. de 2015

Os Des(caminhos) da moderna agricultura

Por: Jairton Fraga  Araújo
Coordenador do Caerdes

Desde que a agricultura surgiu na terra, há cerca de 10.000 anos atrás, a vida no meio rural vem sendo paulatinamente alterada, como resultado dos “avanços” obtidos pela ciência e  pela tecnologia na busca incessante por uma vida material, mais confortável sob todos os aspectos, inclusive, o do prolongamento da vida como resultado das técnicas, produtos e serviços desenvolvidos pela inteligência humana. Entretanto, tais conquistas sempre foram contaminadas pelo objetivo do ganho econômico financeiro de curto e médio prazos.

Não podemos tecer críticas sinceras ao ganho econômico se não forem, precedidas de preocupação com os bens e valores maiores – a vida, a saúde, o alimento e a espiritualidade, por fim o bem estar humano! Como vamos construir uma sociedade espiritualizada sem submetermo-nos  às conquistas materiais, ao crivo da razão?  Assim o advento da revolução industrial, trouxe importantes conquistas, mas não é menos verdade, que também trouxe muitas externalidades negativas.

Não é necessariamente o aumento populacional e a fome, que justificam o modelo de produção agrícola em larga escala. Tal argumento tem sido empregado como sofisma, e esconde a lógica exclusiva do “ganho pelo ganho”. Pois a fome prossegue e mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, seguem se alimentando muito mal, enquanto países como o Brasil, bate recordes sobre recordes de produção de grãos ( em 2015, foram 220 milhões de toneladas). Se o modelo industrial adotado, objetiva ampliar a oferta de alimentos no planeta, como  se justifica, a fome e a morte de pessoas pela falta de alimentos?

Como explicar que as vacas leiteiras na Europa e nos Estados Unidos se alimentem mais e melhor, que 1 bilhão de pessoas? Como explicar que o advento da tecnologia dos transgênicos ampliou no Brasil o consumo de agrotóxicos quando nos foi apresentado esta tecnologia como responsável pela redução dos mesmos. Falácia, sofisma, mentira, jogo de interesse econômico. Por trás dessa indústria, está um modelo que ignora a primazia da “vida sobre o lucro”. Uma mentira final, não poderíamos formar estoque alimentar para os períodos de crises climáticas ou quaisquer hecatombes, com um modelo de produção agrícola que não privilegiasse as altas produtividade. Que mentira! Essa mesma lógica que governos e empresas tentam, mistificar! Mas não explica como as melhores variedades de milho, arroz, trigo, etc, simplesmente desapareceram dos círculos rurais, e em seu lugar vicejou a cultura do comprar a “semente programada" tida como moderna, produtiva. homogênea, eliminando muitas vezes, materiais nativos com enorme  variabilidade gênica e por certo, com características únicas para programas de melhoramento genético clássicos.
Ressurgem com muita intensidade nos séculos XX e inicio do XXI às muitas agriculturas: orgânicas, biodinâmica, natural, regenerativa, alternativa, agroecológica, permacultura e biológica anunciando não o final da historia, pelo contrario, que a historia continua sendo escrita pelos agricultores tradicionais (índios, quilombolas, agricultores descendentes de europeus, pequenos empresários rurais e mais recentemente até  grandes empresários rurais com preocupação sócio-ambiental ). Diferentes modelos e formas, como é à vida, diversa! Mas com um traço em comum, resgatando valores e técnicas e um modo de produção que privilegia as pessoas, a vida e a saúde da espaçonave terra, que veio sem manual de instrução e nós, seus tripulante temos o dever de conduzi-la para um futuro de luz.




 

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