Por: Jairton Fraga Araújo
Coordenador do Caerdes
Séculos
após o iluminismo, a civilização começa a perceber a profusão de equívocos
cometidos quotidianamente em sua incessante tentativa de subjugar a natureza
do planeta e a essência humana. De
aliados e sócios no porvir, ao valor monetário estabelecido a objetos,
propriedades e pessoas, construirmos relações vazias e com des(valor)
ético-moral .
Pouco
a pouco a humanidade da-se conta de que necessita de novos valores que constituam a base axiológica de uma nova cultura, talvez
como diz o Profº Sérgio Mascarenhas,
Catedrático da Universidade de São Paulo (USP),
uma “terceira cultura”, a da convergência entre os saberes da humanidade e das
artes, da ciência e da tecnologia.
Talvez comecemos a perceber, por exemplo, que a vida se
expressa por ciclos, estações e ritmos. E por isso, há um tempo, para tudo, o “tempo
do próprio tempo”. Saber, portanto, ouvir, esperar e respeitar numa sinfonia
cuja escuta é sensível.
Ken Wilber, criador do movimento integral, descreve como
evoluímos de nômades caçadores a agricultores, e depois passamos da
revolução industrial pós-industrial e a
informática, chegando a próxima transição:
a era da CONSCIÊNCIA. É isso, a tomada
de consciência é um movimento integral, definitivo e irreversível, que
impactará a vida, suas relações e os modos de produção econômica.
Nesta perspectiva, a vida é uma escuta sensível, pois se
localiza no cerne e na periferia ao
mesmo tempo, desse momento transicional intrigante. Entender a vida como bem
maior e todo o resto, como conquista civilizatória superveniente ao caminhar da
humanidade com responsabilidade. Estamos todos doentes, em nossas indefinições,
imprecisões e vicissitudes, sequer compreendemos nossa própria natureza, como espíritos
famélicos.
Procuramos respostas no mundo exterior e nunca consultamos à própria
consciência, que por sua vez, reflete a
comunicação da responsabilidade individual pela saúde do planeta terra. A
espaçonave terra, veio sem manual de instrução, nos assevera R. Buckminster
Fuller, nós, portanto, temos que pilotá-la com nossas limitadas percepções intelectuais
e nossa despudorada tendência a dominar, como idealizou Francis Bacon, que
defendia que com o conhecimento cientifico poderíamos exercer controle sobre a natureza.
Tal ciência materialista não é verdadeira, pois ignora o “espírito do tempo”
que se manifesta na essência das coisas, assim nos revela a física quântica afirmando
que o universo carrega em si um elemento psicoespiritual e uma dimensão
físico-material. Por isso, Thomas Berry, em “o Sonho da Terra” sustenta que a nova
história que já está sendo escrita, vai cada vez mais se desenvolver onde a
ciência e a espiritualidade possam coexistir e pessoas, linguagens e valores possam
emergir, reeditando o sonho do ser integral.
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