Figura
1-Dr. Jairton Fraga
Araújo, professor da UNEB e coordenador do Projeto.
CAERDES:
Professor, como se deu a concepção do Projeto Integração, Ensino, Pesquisa e
Extensão em Agroecologia e Agricultura Orgânica no Submédio São Francisco?
PROF. Dr.
JAIRTON: O Projeto de Agroecologia é resultado do edital 81/2013, um edital
muito amplo que envolve o CNPq, Ministério da Agricultura, Ministério do
Desenvolvimento Agrário, Ministério da Educação e Cultura e que oportunizou
recursos financeiros para a formação de núcleos de Agroecologia, redes em
agroecologia e centros vocacionais territoriais que contemplem Agroecologia.
Nosso objetivo foi integrar o ensino, a pesquisa e a extensão em um único
projeto, de forma que pudéssemos oferecer de forma mais sistemática algumas
respostas. Por exemplo; na extensão, temos inúmeros conhecimentos científicos consolidados
pela Agroecologia, nós precisamos
transformar o conhecimento em uma forma mais acessível ao agricultor. Por sua
vez, os resultados de pesquisa precisam ser publicizados e transferidos. No
projeto planejamos a execução de quatro subprojetos como forma de o agricultor
acompanhar as pesquisas realizadas e compreender o processo científico a partir
de sua interação com o saber popular e tradicional, como contributos para a
produção agropecuária do Brasil, notadamente na região. E, por fim, o processo
de capacitação, que envolve a preocupação em formar às futuras gerações, a
exemplo, dos estudantes e jovens rurais e a promoção da igualdade de gênero no
contato com a Agroecologia enquanto ciência, para que possamos oferecer mais
adiante, respostas aos problemas que ocorrem na região. No entanto a ideia da
capacitação não é pontual, desejamos de forma articulada fomentar a produção
orgânica de alimentos e orientar quanto ao correto manejo da produção orgânica
pelos agricultores que estão desejosos em deixar o uso intensivo de agrotóxicos
e fertilizantes químicos, para uma outra forma de produção mais sustentável.
CAERDES:
Quais são as expectativas para esse projeto?
PROF. Dr.
JAIRTON: Bem, nós estamos muito otimistas. O projeto vai se desenvolver em
Juazeiro e, também, em Canudos. A ideia é que nós possamos realizar uma série
de atividades, já a partir do dia 1º de fevereiro, quando, começaremos com a
realização de um curso de agricultura orgânica para estudantes. Acreditamos na
formação de valores como estratégia para mudanças substantivas,a ideia é que a
gente qualifique os jovens, para que esses jovens, quando, estiverem no
exercício profissional, tenham uma visão correta da produção agroecológica.
Então, nós estamos muito otimistas com os resultados, porque serão realizadas oficinas,
cursos, minicursos, enfim, unidades demonstrativas que serão instaladas,
projetos de pesquisa, então, nós estamos muito otimistas e compreendemos que
essa é uma forma concreta de fazer com que o agricultor, empresário ou
estudante possa conviver no mesmo
ambiente de ciência e tecnologia, compreendendo a importância dela e utilizando
isso no dia a dia para uma produção agrícola sustentável.
CAERDES:
Compreendendo que alunos, agricultores e empresários participarão ativamente do
projeto, nos conte como este será executado:
PROF. Dr.
JAIRTON: O projeto será executado pela Universidade do Estado da Bahia e pelo
Centro de Agroecologia, Energias Renováveis e Desenvolvimento Sustentável, em
parceria com a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola. A EBDA será
responsável pela sensibilização e nós vamos fazer a parte de execução
propriamente dita, com as capacitações, instalação dos projetos de pesquisa,
realização de oficinas, elaboração de cartilhas e a EBDA será responsável pela
seleção dos profissionais, tanto os profissionais técnicos, quanto nos
auxiliará na seleção dos agricultores e, obviamente, será parte integrante
desse projeto, importante porque é o órgão que atua na área de extensão rural
oficial do Estado da Bahia.
CAERDES:
Sabemos que, para a execução do Projeto,o CAERDES conta com algumas parcerias.
Qual a importância destas para um melhor desenvolvimento do projeto?
PROF. Dr.
JAIRTON: É difícil você fazer alguma coisa hoje sem os parceiros, porque cada
parceiro tem uma expertise, tem uma competência. Nesse caso, a Extensão Rural
Oficial da Bahia tem uma expertise em extensão rural de muitos anos. É
fundamental você fazer essas parcerias porque você complementa ações, você
estabelece o sentido da complementariedade. Nem todo mundo detém todo o
conhecimento, então, a empresa de extensão, por exemplo,ela tem um largo
conhecimento em ações e oficinas de extensão rural, então, ela vai nos ajudar.
Você precisa das parcerias, são fundamentais para que você possa ter, na
verdade, uma cobertura mais ampla, tendo em vista que esse projeto é um projeto
amplo, ele integra as áreas de ensino, pesquisa e extensão.
CAERDES:
Professor, quais foram as dificuldades na implantação do projeto?
PROF. Dr.
JAIRTON: Nós não tivemos ainda dificuldades porque o projeto está sendo
implantado. É possível que daqui a alguns meses nós tenhamos uma ideia de quais
dificuldades foram importantes. Eu penso que uma coisa que pode realmente
dificultar é o fato de que você não pode retirar os agricultores muito tempo da
área de trabalho deles, porque eles vivem disso. Cada dia que você os tira das
propriedades, é um dia que eles deixam de ter um retorno econômico, mas isso
vai ter de ser feito da melhor forma possível para que não cause muitos
prejuízos ou cause o mínimo de prejuízo, na vida das famílias rurais.
CAERDES:
Professor, quais os benefícios que a implantação e execução desse projeto trará
para o CAERDES?
PROF. Dr.
JAIRTON: Do ponto de vista do CAERDES, é a realização das oficinas, produção de
cartilhas, da realização dos projetos de pesquisa, divulgação do nome do
Centro, como espaço técnico-científico capaz de produzir ciência, de realizar
tecnologia, de capacitar pessoas e ser uma referência nessa área. Eu acho que
isso é importante para o CAERDES.
CAERDES:
Professor, quais os benefícios que a implantação e execução desse projeto trará
para a comunidade?
PROF. Dr.
JAIRTON: Eu acho importante, nossa atuação com as mulheres rurais,
jovens, agricultores, técnicos, estudantes e até com empresários. Nós estamos
contribuindo para a formação de um paradigma diferente do dominante na região.
O paradigma da região é baseado na agroquímica, na utilização intensiva de
agrotóxicos e fertilizantes. Nós vamos trabalhar com outra expectativa. Vamos
trabalhar na recuperação dos solos, no manejo correto dos solos tropicais, no
aproveitamento de variedades nativas, na integração entre lavoura e pecuária,
vamos enfatizar a rotação de culturas, policultura, os adubos naturais, a
rochagem, a biofertilização, uma série de práticas, que são técnicas
sustentáveis, envolvendo as mulheres, jovens, os agricultores, os
profissionais, os estudantes, ajudando e contribuindo para formar uma geração
comprometida com um novo olhar para a agricultura.
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Isso é muito Bom! Parabéns a todos.
ResponderExcluirJaime da Silva