16 de out. de 2013

OS DESAFIOS DA PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA DE ALIMENTOS NO SÉCULO XXI

Por Prof. Dr. Jairton Fraga Araújo

Os avanços obtidos pela ciência agronômica na ampliação da produtividade vegetal e no ganho de carne na produção animal são evidentes. Passo a passo a pesquisa agropecuária desenvolveu métodos, técnicas, processos e produtos que alteraram de forma permanente o modus de produção da agricultura. Somos cerca de 7 bilhões de pessoas no planeta e, aproximadamente, 200 milhões de habitantes no Brasil que se alimentam diariamente com carboidratos, proteínas,  lipídios e outros nutrientes retirados de vegetais e animais. O primeiro desafio é ampliar a oferta de alimentos e torná-los cada vez mais de qualidade biológica e acessível às populações em especial as mais excluídas socialmente.
É nos trópicos que se encontra a grande produção de alimentos que abstece o planeta. Neste particular, o Brasil superará na próxima safra a produção de soja dos EUA, contudo, curiosamente a fome não resta eliminada do mundo. Quais as razões para tal? Porque o acesso social ao direito mais elementar que é o direito a alimentação encontra-se em muitas regiões do planeta ameaçados?
Não podemos conviver com a fome após tanto e tão significativo esforço intelectual produzindo conhecimento básico e  aplicado que possibilitou o Brasil  ocupar a vanguarda na produção de alimentos e de outros itens do setor primário.
Ampliar o acesso aos alimentos implica em assegurar o direito de todos à segurança alimentar. Para a consecução deste objetivo  o país necessita assegurar o acesso ao conhecimento , ao crédito, aos mercados às políticas de preços para os agricultores familiares, em particular aos que produzem de forma agroecológica, porque observam o capital ambiental, incluem socialmente e obtém bons níveis de produtividade e de eficiência econômica. Um país que assegure o acesso de todos ao direito mais elementar, que é o direito de alimentar-se, é um país desenvolvido.
A FAO tem destacado em seus documentos oficiais a importância da Agroecologia para a produção de alimentos por inúmeras razões, entre as quais, destaca-se a redução da dependência pelos agricultores do uso dos insumos produzidos pela indústria química - os fertilizantes e agrotóxicos. A adoção dos princípios da Agroecologia, associado a políticas públicas de preços e aquisição de produtos oriundos da agricultura familiar, a exemplo dos programas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que se constituem em possibilidades mercadológicas de suporte a este importante setor responsável pelo abastecimento interno de alimentos da população brasileira.
É necessário enfatizar que políticas de Estado destinadas a apoiar e fomentar a agricultura familiar de base ecológica são potencializadoras da fixação de produtores e trabalhadores rurais ao campo, podem ainda contribuir decisivamente para a redução de impactos sobre água, sobre a biodiversidade e com o resgate de variedades crioulas, além de promover a utilização de resíduos vegetais e ampliar no processo de produção, auxiliando, assim, a redução dos impactos ambientais.


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