Os avanços obtidos pela ciência
agronômica na ampliação da produtividade vegetal e no ganho de carne na produção
animal são evidentes. Passo a passo a pesquisa agropecuária desenvolveu
métodos, técnicas, processos e produtos que alteraram de forma permanente o modus de produção da agricultura. Somos
cerca de 7 bilhões de pessoas no planeta e, aproximadamente, 200 milhões de
habitantes no Brasil que se alimentam diariamente com carboidratos, proteínas, lipídios e outros nutrientes retirados de
vegetais e animais. O primeiro desafio é ampliar a oferta de alimentos e
torná-los cada vez mais de qualidade biológica e acessível às populações em
especial as mais excluídas socialmente.
É nos trópicos que se encontra a
grande produção de alimentos que abstece o planeta. Neste particular, o Brasil
superará na próxima safra a produção de soja dos EUA, contudo, curiosamente a
fome não resta eliminada do mundo. Quais as razões para tal? Porque o acesso
social ao direito mais elementar que é o direito a alimentação encontra-se em
muitas regiões do planeta ameaçados?
Não podemos conviver com a fome
após tanto e tão significativo esforço intelectual produzindo conhecimento
básico e aplicado que possibilitou o
Brasil ocupar a vanguarda na produção de
alimentos e de outros itens do setor primário.
Ampliar o acesso aos alimentos
implica em assegurar o direito de todos à segurança alimentar. Para a
consecução deste objetivo o país
necessita assegurar o acesso ao conhecimento , ao crédito, aos mercados às
políticas de preços para os agricultores familiares, em particular aos que
produzem de forma agroecológica, porque observam o capital ambiental, incluem
socialmente e obtém bons níveis de produtividade e de eficiência econômica. Um
país que assegure o acesso de todos ao direito mais elementar, que é o direito
de alimentar-se, é um país desenvolvido.
A FAO tem destacado em seus
documentos oficiais a importância da Agroecologia para a produção de alimentos
por inúmeras razões, entre as quais, destaca-se a redução da dependência pelos
agricultores do uso dos insumos produzidos pela indústria química - os
fertilizantes e agrotóxicos. A adoção dos princípios da Agroecologia, associado
a políticas públicas de preços e aquisição de produtos oriundos da agricultura
familiar, a exemplo dos programas PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e PNAE
(Programa Nacional de Alimentação Escolar), que se constituem em possibilidades
mercadológicas de suporte a este importante setor responsável pelo
abastecimento interno de alimentos da população brasileira.
É necessário enfatizar que
políticas de Estado destinadas a apoiar e fomentar a agricultura familiar de
base ecológica são potencializadoras da fixação de produtores e trabalhadores
rurais ao campo, podem ainda contribuir decisivamente para a redução de
impactos sobre água, sobre a biodiversidade e com o resgate de variedades
crioulas, além de promover a utilização de resíduos vegetais e ampliar no
processo de produção, auxiliando, assim, a redução dos impactos ambientais.
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